Eu trabalhava na QI (Escolas e Faculdades QI). Era janeiro, mês que muitos alunos ligavam para saber sobre rematrícula. Eu estava na secretária, auxiliando de uma maneira bem diferente. Como nunca trabalhei em uma secretária, o começo foi bem difícil. Mas eu tinha uma arma bem forte comigo: meu jeito de ser. Meus colegas não conheciam meu poder de comunicação, o quão eloquente sou. Fiz amizades não apenas com colegas de trabalho, mas também com alguns alunos...
Quando chegavam na escola, eu ficava torcendo para que não me procurassem, pois eu tinha medo de não saber atender suas necessidades. E o meu trabalho exigia excelência no atendimento. Como eu faria isso, sendo que sou novo neste tipo de atividade? Ser sincero, coerente, e pedir ajuda aos mais experientes, foram alguns ingredientes que me ajudaram, sem falar nas estratégias de defesa que usei. Algumas vezes os alunos me procuravam para pedir informações. Até aí tudo bem. Quando pediam algo que eu não sabia fazer...
"Meu nome é Mateus Silva, e sou novo aqui na secretária. O procedimento que estás pedindo, não sei fazer. Mas farei de tudo para ajudar. Vou pedir ajuda aos meus colegas, só peço que tenha paciência. Aceita um café?" Assim eu me desdobrava diante as situações. As pessoas sorriam e compreendiam; percebiam que eu queria ajudar mas não sabia como. Enquanto estive atuando na secretária, minha eloquência ajudou mais do que imaginei. Mas aconteceu um fato que chamou muito minha atenção...
Minha colega que ficava no balcão de atendimento, quando ia almoçar, automaticamente eu ficava no lugar dela; atendendo ligações e recepcionando tanto alunos, como as pessoas que chegavam para saber dos cursos. Tudo estava caminhando de forma natural, até que um dia atendi um aluno:
- Escolas e Faculdades QI, bom dia.
- Bom dia. Gostaria de saber quando é a rematrícula da turma de Gestão Comercial.
Informei o dia que a rematrícula começava. E, no final da ligação, me despedi como sempre faço:
- Tenha um bom dia e FICA COM DEUS.
Quando retornei do almoço, o secretário geral me procurou e disse que um aluno tinha reclamado de mim. Fiquei preocupado, porque não fiz nada de errado. O secretário falou qual era a reclamação. Fiquei chocado.
- O aluno ligou e perguntou se tu estava tirando onda com a cara dele, porque mandou ele ficar com Deus. Sei que é teu jeito de ser e agir, mas tenta evitar mandar os alunos ficarem com Deus.
Nossa... quanta ignorância. É a primeira pessoa que fica brava porque mandei ficar com Deus. Deus é ofensa? Será que se eu fosse ignorante ele iria gostar? Lidar com o povo é muito, muito complicado, mas nunca pensei passar por isso. O secretário geral é meu amigo particular; mesmo após sair da empresa, seguimos em contato...
O mundo está tão perdido, que até falar em Deus ofende...
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