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segunda-feira, 30 de maio de 2016

A Ligação Misteriosa




Sexta-feira eu estava sentado na frente do computador revisando a matéria para prova. Meu celular estava carregando, em cima da impressora, que, no momento, não está sendo utilizada. O relógio marcava 15:30 e costumo pegar o ônibus 16:30; gosto de chegar cedo na faculdade, ainda mais que estou desempregado. Falando sobre emprego, todo desempregado aguarda ansiosamente uma ligação, e no meu caso não é diferente. Cada vez que toca meu celular as esperanças se renovam. Aliás, toda vez que vibra, já que constantemente está no modo silencioso. De repente, ouvi um barulho familiar. Era meu celular vibrando em cima da impressora e a tela acesa. Número Privado. "Trabalho.", pensei rapidamente. Quando atendi a ligação, havia algo errado. Mais do que errado, era totalmente fora de contexto. Não imaginei passar por isso. Veja o que aconteceu e como reagi diante uma situação que muitos se perdem e correm perigo.

Tratava-se de uma voz feminina um tanto diferente. Forçada. Pedia socorro e alegava estar machucada. "Quem se machucou?", me auto-questionei. Mas minha pergunta seria respondida de forma surpreendente. O Dialogo a seguir durou menos de 2 minutos:

Voz Misteriosa [Feminina]: - Socorro! Eu estou machucada, eles bateram em mim. Me ajuda!

Eu: - Quem está machucada?

Voz Misteriosa [Feminina]: - Sou eu, pai, vem me buscar.

Eu: - Aonde tu está?

Voz Misteriosa [Feminina]: - No carro deles. Vem me buscar, pai.

Eu não tenho filha ou filho; nem casado sou. Mesmo assim, resolvi dar corda para aquela situação, deixei acreditarem que estavam me enrolando. Então, de repente, uma voz masculina começou a falar comigo.


Voz Misteriosa [Masculina]: - Vai querer salvar a vida da tua filha ou vou ter que acabar com a vida dela?

Eu: - Quanto tu quer?

Voz Misteriosa [Masculina]:- Eu quero 10 mil reais.

Eu: - Troco pra bala. Dinheiro não falta. O que mais tu quer?

Voz Misteriosa [Masculina: - E quanto tem aí?

Eu: - Primeiro tu pede 10 mil, agora quer saber quanto eu tenho? Não interessa, o dinheiro é meu. E quer saber? Tu é muito burro. Quer matar? Pode matar. Tô nem aí...


Desliguei o celular e fui tomar banho, afinal, o ônibus não espera e a prova me aguardava. Chamei minha mãe e contei a historia, rindo bastante. É a primeira vez que ligam para o meu celular, porém, tempos atrás, já haviam ligado para minha casa e tentaram enrolar minha mãe. Atendi a segunda ligação, enrolei eles e cortei. Simples, fácil e prático. Quando tu receber ligações assim, do pessoal do presidio, o primeiro passo é não se desesperar e buscar um controle emocional. Esse tipo de golpe, pode ter certeza de uma coisa: eles não sabem nada sobre ti ou teus parentes. Nunca fale nomes, profissão ou possíveis lugares. Tranquilidade. Se ficar com muito medo, desligue o telefone e busque informações sobre a "pessoa sequestrada" por eles. Mantendo o controle, garanto que eles vão se enrolar sozinhos. Espero que não aconteça com ninguém, mas, se acontecer, saiba agir.


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domingo, 22 de maio de 2016

O Primeiro Discurso




Meu primeiro discurso aconteceu no ano de 2007, na formatura do Ensino Médio. Fui escolhido como orador, de forma unanime, afinal, tinha um ótimo relacionamento com meus colegas e não andava com nenhum grupo específico. Naquela época, era metido a escrever. Digo "metido", porque não tinha noção dos tempos verbais, uso adequado das palavras, pontuação e tudo que um bom Português exige. Entretanto, eu já sabia expressar meus sentimentos e fazer as pessoas prestarem atenção nas minhas palavras. De 2007 pra cá, tive outras oportunidades de discursar: Orador na formatura do Ensino Técnico; 2 palestras motivacionais no Hospital Cristo Redentor; e mais duas participações no Grupo Apisul, durante palestras para os colegas, falando sobre Modelo Mental. Na atualidade posso ratificar que tudo evoluiu, desde minha escrita até a forma de expressão perante o público. Houve um acontecimento na formatura de 2007 que ficou gravado na minha memória. No final do texto, publicarei meu primeiro discurso, sem alteração e com os erros de Português. Claro, algumas fotos; mudei muito desde 2007. O primeiro discurso, impossível esquecer.


O último ano do Ensino Médio foi repleto de aventuras. Deficiente físico, louco para acabar os estudos e "curtir a vida". Mais tarde descobriria que os estudos não tem fim. Extrovertido e próximo de todos, lancei meu nome como orador da turma na formatura que se aproximava. Antes disso, já estava envolvido com os preparativos para o grande evento. Não enfrentei resistências e fui escolhido sem dificuldades. Todavia, meus colegas ficaram desconfiados sobre o que eu escreveria. E com razão. Seus pais estariam presentes, familiares e amigos. Solicitei para minha professora de Português, Janaína, que avaliasse meu texto. Foram vários dias pensando, raciocinando uma forma de demonstrar, não só meus sentimentos, como também dos meus colegas. Levei à professora muitos textos e ela corrigia minhas expressões. Até que um dia, finalmente, meu discurso estava pronto. Eu só precisaria ensaiar minhas palavras, o que pratiquei muito de frente para o espelho e enquanto tomava banho. Certa vez li para minha mãe e uma vizinha, repleto de orgulho e totalmente confiante. Seria muito simples. Bastava subir no palco, ler e receber aplausos. Fácil. Não tem como errar, pois eu escrevi. No dia da formatura, tudo que eu imaginava não aconteceu e fui traído pelo meu coração.


Estava sentado observando os demais oradores e seus textos baseados em grandes escritores. A Lisiane, minha colega, perguntou se eu não queria que ele lesse junto. Certamente ela perceberá meu nervosismo. Agradeci e neguei, afirmando que estava preparado. Antes do meu discurso, fizeram algumas homenagens. E aí começou minha emoção. A Telma subiu no palco, com um boque de rosas, e disse que a turma gostaria de homenagear um colega especial. Assim que ela começou a falar, percebi rapidamente que suas palavras eram direcionadas para mim. Ela me chamou e subi no palco, com os olhos lacrimejados. Recebi muitos aplausos. A Telma entregou as rosas e me abraçou forte. Então, calmamente, retirei do bolso da calça o papel onde estava meu discurso. Chegará o grande momento. O público estava cansado, pois os demais oradores haviam feito discursos longos. Ao chegar perto do microfone, confiante, falei assim: "Meu discurso não vai ser longo." Muitos gritaram de alegria. Decidi emendar: "Queremos festa!" Pronto. Felicidade total entre os presentes. Ao desenrolar o papel, minha mão esquerda tremia e meu coração estava acelerado. A partir de então, o que havia imaginado em casa, na frente do espelho e durante o banho, simplesmente desapareceu dos meus pensamentos. Tentei ficar calmo e seguir adiante. O primeiro paragrafo li com certa facilidade. Depois, aconteceu o que jamais imaginei.


Não seria possível errar na leitura de um texto da minha autoria. Inimaginável. Meu coração seguia pulsante. Ele estava feliz. Porém, em alguma linha do segundo paragrafo, meu coração resolveu se calar. Minha voz parou. Fiquei travado, quase chorando. Eu olhava para meu discurso e não sabia onde havia parado. O papel parecia estar em branco. O público ficou em silêncio. Parecia que eu estava em outra dimensão, num mundo paralelo. Não tinha coragem de levantar a cabeça e olhar as pessoas. Tudo não durou mais de 20 segundos, contudo, para mim, parecia que estava horas calado. Meu coração retomou seus batimentos. De forma mágica, as palavras ficaram visíveis diante meus olhos e voltei a ler, exatamente de onde havia parado. Terminei o texto e recebi muitos aplausos; as pessoas gritavam meu nome. Antes de descer do palco, pedi licença para os demais formandos, mas existiam palavras que não estavam no meu discurso que gostaria de dizer. Homenageei minha mãe, agradeci por tudo. Mais aplausos. As coisas não saíram como imaginei, mas devo admitir que tudo terminou da melhor maneira possível. Dia 04 de março acontecerá a formatura do Ensino Superior. Espero que meus colegas permitam que eu seja orador. Vou amar escrever um discurso sobre EAD e as fases que passamos juntos. Que assim seja.



A turma 303



Um ano feliz para grande maioria dos alunos, todos estudaram, fizeram provas, trabalhos, se dedicaram.
Mas infelizmente nem todos passaram, alguns terão que repetir o terceiro ano, pois quem estuda de noite geralmente trabalha e muitos não agüentam a jornada de estudar e trabalhar. A turma 303 pode não ter sido a melhor turma da escola Senador Salgado Filho, mas foi uma turma inteligente, extrovertida, que cativou a maioria dos professores com seu senso de humor.
A grande maioria achou que seria fácil o terceiro ano, afinal seria o ultimo, pensamos que tudo seria uma grande festa e que professores iram facilitar. Mas não foi bem assim como imaginamos. Descobrimos que o terceiro ano é o mais difícil, pois os professores preparam os alunos para grandes desafios: vestibular, faculdade, enfim pensam em nosso futuro profissional.
A turma 303 agradece aos professores que, brincando, nos ensinaram que, brigando, nos fizeram ver nossos erros e enxergando nossos erros evoluímos, não só como estudantes, mas também como seres humanos, e isso é maravilhoso.
A turma 303 parabeniza todos os formandos aqui presentes, e para os convidados deseja uma ótima festa.


Obrigado















domingo, 15 de maio de 2016

O Relógio





Quando iniciei minha carreira Administrativa no Grupo RBS, não usava relógio e nunca dei bola para tal acessório. O tempo foi passando. Observava que os gestores usavam relógios. Não somente os gestores, mas diversos colaboradores. Então, antes o que eu subjugava que fosse desnecessário, passou a ser parte do meu dia a dia; não conseguia mais andar sem relógio. Na época, não entendia nada de relógios, marcas conceituadas; usava relógio simples e barato, bem barato. Certo dia estava na Associação e avistei um relógio que chamou minha atenção. Tratava-se de um Mormaii, cor prata. Fiz uma compra parcelada. Que relógio bom. Sensacional. Depois de algum tempo, descobri que a Mormaii não produz relógio, quem produz é a Technos. Minha relação com o relógio tornou-se caso de amor e fidelidade. Após sair do Grupo RBS e aumentar minha remuneração através da experiência e estudos, jamais cogitei comprar outro relógio. Veja bem, são 8 anos com o mesmo relógio. Mas o destino é cruel e têm suas surpresas. Conversando com a minha namorada, fui cruzar o braço direito por dentro do esquerdo e, de repente, quebrou minha pulseira. Subjuguei que fosse algo fácil de consertar, que qualquer relojoaria consertaria. A verdade é outra. Aproveitando este momento triste de separação com meu relógio, visitei algumas relojoarias e observei as técnicas de vendas atuais. Que decepção...


Conversei com meu pai sobre o que havia acontecido com meu relógio, durante uma visita em sua casa. Ele falou que estava comprando relógios na parada 46 de Alvorada, ratificou que a qualidade era boa. Minha primeira tentativa seria ali, aonde meu pai havia indicado. Eu só queria arrumar meu relógio, entretanto, estaria atento caso houvesse uma promoção, algo realmente extraordinário ou uma boa técnica de venda. No dia seguinte precisei ir ao Banco depositar dinheiro e aproveitei para visitar as relojoarias. Conforme meu cronograma, a primeira relojoaria que deveria conhecer estava na parada 46, há poucos metros do Banco. Entrei na loja e uma morena alta, com um rosto jovial e um lindo sorriso me atendeu. Apresentei-me e mostrei o relógio, com a pulseira danificada. Ela analisou por alguns segundos e foi taxativa: "Não tem conserto. Só indo direto no fabricante. Se quiser lhe dou o endereço." Ela passou o endereço. Eu estava em estado emocional elevado: como pode uma simples pulseira não ter conserto. Olhei a vitrine de relógios. A moça pegou as chaves e abriu uma porta, mostrando-me os modelos, preços e formas de pagamentos. Realmente, um atendimento muito bom, acima da média. Agradeci e perguntei seu nome. Bruna. Não arrumei o relógio, mas encontrei uma excelente vendedora. Fui embora com uma ótima impressão. Se tivesse que comprar um relógio novo, certamente seria com a Bruna. Vamos à próxima relojoaria. Se houvesse conserto meu relógio, ficaria ciente que a Bruna foi antiética para tentar vender.


Atravessei à rua e caminhei em direção à próxima relojoaria. Entrando no estabelecimento, encontro duas moças, com um semblante nada agradável. Pareciam desanimadas, sem vontade de trabalhar. Apresentei-me e mostrei meu relógio, relatando meu problema. Uma das moças pegou meu relógio e analisou. Para minha surpresa, a informação foi a mesma que a Bruna havia passado. "Não é possível", pensei comigo. Decidi mostrar-me disposto a comprar um relógio. Acreditei que mostrariam os modelos, formas de pagamentos. Nada disso aconteceu. Apenas mostraram de longe os relógios e falaram os preços de alguns deles. Nenhum esforço para vender. Nada. Agradeci o atendimento e virei as costas; não pisaria naquela relojoaria novamente, devido ao péssimo atendimento. Na mesma rua, existe uma relojoaria onde trabalhava uma amiga minha, dos tempos de colégio. Já fiz compras na relojoaria em questão, portanto, as vendedoras me conhecem. Quem sabe, um atendimento diferenciado. Pior que a tentativa anterior. A moça viu meu relógio, informou-me como nos outros casos, passou o endereço aonde deveria levar o relógio. E só. Nem perguntou se eu queria olhar os relógios. Nada. Parecia estar mais preocupada em arrumar os produtos na vitrine do que tentar executar uma venda. Como de costume, agradeci e fui embora. Ainda existia uma última tentativa: parada 47. Todavia, naquela altura do campeonato, estava ciente que não havia conserto. Vamos ver como será o próximo atendimento.


Meu anel de formatura que uso no dedo esquerdo foi comprado na relojoaria em questão. Entrei confiante. Rapidamente percebi que não havia relógios bonitos; um mais feio que o outro. Após relatar o mesmo que as demais vendedoras e passar o endereço, mostrou-me os relógios. Nada que me agradasse, exceto um da Quiksilver, embora eu achasse muito grande; recomendado para quem gosta de ostentar, o que não é meu caso. Perguntei para vendedora quanto custava e o diferencial do relógio. Mais de mil reais. O diferencial que me assustou: "Tem 5 anos de garantia." Pela loja ou fabricante? Questionei e ela titubeou por alguns instantes, finalmente respondendo que era pelo fabricante. Olhei firme em seus olhos, pensei seriamente em responder, mas percebi que seria inútil. Uma vez mais, agradeci e fui embora. Vamos aos fatos: Conforme o CDC (Código de Defesa do Consumidor) todos os produtos tem garantia de 5 anos pelo fabricante. É lei. E o CDC está na Constituição Federal. A vendedora ofereceu uma garantia que já existe. Desinformada perante assuntos que deveriam ser da sua alçada. Retornei para casa; visitar 4 relojoarias foi o suficiente.


No município de Alvorada existem diversas relojoarias. Visitei 4 em busca de uma solução para o meu problema. Além de não resolver, encontrei vendedoras extremamente despreparadas e sem vontade. Com exceção da Bruna, da parada 46, as demais deixaram a desejar. Recomendaria para as vendedoras estudarem sobre Técnicas de Venda, Técnicas de Posse (esta utilizada mais em vendas de carro), para melhorar seus respectivos desempenhos. Não citei nome das relojoarias que fui, por uma questão de ética e preservamento das envolvidas nesta pequena história. Claro, citei a Bruna, porque foi um exemplo de bom atendimento e dedicação. Caso ela falhasse no atendimento, jamais citaria seu nome. Falta treinamento, qualificação e, acima de tudo, amor pelo trabalho, já que existem milhões de brasileiros desempregados.


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