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sábado, 3 de novembro de 2018

O Sentido da Morte




O dia 02 de novembro é o dia dos mortos. Os mais antigos chamam de dia dos finados. Eis uma data que nunca chamou minha atenção. Porém, e sempre existe um, este ano o significado mudou. O sentido da morte mudou muito, desde o ano passado. Perder meu pai foi o pior acontecimento de 2017. O que doeu, foi aquele abraço, aquele beijo. Nunca imaginei que seria o último. Só restaram lembranças, e a minha sorte ficou nas mãos de quem não gosta de mim, de quem me renunciou uma vida inteira. Nego-me a humilhação. Meu pai quer que eu ande sozinho e lute por dias melhores, trazendo-lhe honra e paz espiritual.
Então, dia 02 de novembro de 2018 seria diferente. Precisava ir ao cemitério, levar flores, ascender uma vela. Lembrei que não tenho dinheiro. Bom, vou ir para conversar, falar de alguns sentimentos. Sei que pode me escutar, mas não pode responder. Eu o amo, vou ir. Claro que sim. Conforme os dias foram passando, percebi as pessoas se fantasiando, comemorando o Halloween. Na contramão, estava me preparando para ir ao cemitério. Decido escrever um texto no Facebook. As lágrimas começaram a rolar. Questiono Deus, o porquê fez isso comigo. Julgo não merecer ser contemplado. Apago o texto original, pois não sou ninguém para julgar o que Deus faz na minha vida.
Meu irmão comentou o texto, deixando seu ponto de vista. Li atentamente. Pensei, pensei e pensei. Meu pai é tio do meu irmão. Na verdade, também é meu tio. Meu pai biológico mora (ou morou) em São Borja. O nome dele é Altair (ou Atair) é o máximo que sei. Jamais tive interesse em conhecer. Nem quero. Meu pai morreu no dia 06 de dezembro de 2017. Minha mãe biológica eu conheço, respeito. Sei que ela mudou minha vida ao me entregar para o seu irmão (a historia é muito longa), e deu-me uma mãe maravilhosa (Dona Santa, minha rainha). Enfim, no dia 01 de novembro amanheci acordado. No dia 02 tomei uma decisão.

Acabei sendo covarde e não fui no cemitério. As palavras do meu irmão pesaram. Mamãe entrou no quarto e anunciou: "Vou contigo no cemitério". Eu disse que não ia, deixaria o pai descansar. Se fosse, voltaria pior do que já estou. Mamãe entendeu e não fez objeções da minha decisão. Na noite passada já havia falado o que meu irmão disse. Ela concordou com ele.
Entendo que estou fraco, que não é o momento de ir ao cemitério. Quando estiver forte, certamente irei. Homenagear os mortos, como diz meu irmão, é algo que não deveria ser feito. Até entendo. Aumenta a dor, não há respostas, mas sim, inúmeras perguntas. Minha parte fiz em vida, sorrimos, brincamos, e tivemos diversos debates. Ensinou-me sobre trabalho, casamento, como se comportar. O certo, conforme acredito, seria levar flores, ascender uma vela. Conversar, mesmo ciente que não terei resposta. Algo simples. Não tenho coragem. Nos primeiros dias, após a morte do meu pai, queria ir no cemitério. Mamãe impediu, alegando que estava fraco, que esperasse. Acreditei que o tempo me tornaria forte. Um emprego, a realização de sonhos, algo positivo aconteceria.
Nada aconteceu. Continuei desempregado, problemas e mais problemas surgiram. Minha sorte ficou nas mãos de quem repudia minha presença. Dia após dia ficava mais revoltado, ocultando os meus sentimentos, o máximo que conseguia. Para alguns amigos acabei relatando o que me incomodava. Nitidamente, eles não sabiam muito bem o que dizer. Não os culpo, porque a situação é delicada. Desejo que demorem anos e anos para sentir esta dor incontrolável. Qual o sentido da morte?

A morte não tem sentido. Ninguém sabe quando ela vai chegar. Hoje estou aqui, sentado, ouvindo músicas e escrevendo. Amanhã posso estar morto. Para alguns existe céu e inferno. Vai chegar o momento de conversar com Deus e confessar os pecados. Deus, na sua sabedoria infinita, decide se vai para o céu ou inferno. Outros acreditam que a morte é apenas uma passagem. Retornamos para o nosso verdadeiro lar. Estamos aqui para aprender e espalhar o amor. E claro, tem as pessoas que não acreditam em nada. Apenas vivem, se morrer, morreu. "Do pó vieste, ao pó retornarás".
São teorias e mais teorias. Escolha uma que se adapta e acredita no que julgar melhor. Desde que não julgue a crença dos outros, tudo certo. Respeite o próximo. Qualquer teoria vai ter uma prova, um acontecimento único. O importante é ter uma noção do que é a morte. Confesso que só busquei compreensão em 2017. Antes, era muito básico. As coisas mudam radicalmente quando a morte leva alguém tão próximo. Dói demais. Meu pai fez uma transição, está em outro plano. Claramente tenho inclinação para o lado espirita. Nada me impede de ir à igreja. Até porque, espirita fala de Deus, Jesus. Só o contexto que muda, mas a base é a mesma. O que fazer?

Eu disse para buscar compreensão, ter uma noção. Por favor, não fique pensando na morte o tempo todo. Viva tua vida da melhor maneira. Ama teus pais, beija e abraça, enquanto pode fazer isso. Encha eles de orgulho. Dê carinho, diga que ama. Não somente teus pais. Teus irmãos, parentes, amigos... Até inimigos. Não existe inimigo sem qualidades. Ama o máximo que puder; ultrapassa teus limites. Independente da tua fé, deve praticar o perdão. Perdoar é sensacional. Uma dadiva. Quem nunca errou? Só queres ser perdoado e não sabe perdoar? Melhor rever teus conceitos. Tuas atitudes e escolhas nesta vida vão refletir em outro lugar. Vai amar e perdoar. Entenda a morte, mas não foca demais.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O Aprendizado de 2018




O ano de 2018 poderia ser um ano como qualquer outro. Entretanto, este foi um ano eleitoral. Um ano eleitoral poderia ser como qualquer outro. Contudo, foi um ano diferente dos últimos 20 anos. Esquerda vs Direita. Muitas amizades terminaram, outras se fortaleceram. Intelectualmente, posso dizer que cresci muito em 2018. Foram aprendizados incríveis. Minha vida não pode ser resumida em política. Outros fatos foram marcantes e causaram dor.
Vai fazer 1 ano que não vejo meu pai. E nunca mais vou ver. Somente o dia que atravessar para o outro plano. Até lá, estou ciente, a saudade vai cortar meu coração, me fazer pensar. No silêncio da noite vou chorar. Lamentarei tudo o que aconteceu, da forma que aconteceu. Enquanto escrevo faltam 60 dias para encerrar o ano de 2018. Escreverei sobre minhas expectativas para 2019, o que analisei nesta guerra política sangrenta aonde todos perderam, amizades foram sacrificadas em nome de ideologias. Amigos de infância romperam os laços. A partir do momento que a política fica acima da amizade, os envolvidos estão derrotados.
Escreverei sobre uma característica que não gosto. Na verdade, faz anos que tento mudar. Chegou o momento. Não dá mais. A base do texto é política, então, se pretende ler com a finalidade de brigar comigo, por favor, não faça isso. Apenas não lê.

Sou um político natural. Por ser Administrador, óbvio que conheço os problemas do país. Confesso que nunca entendi muito bem a questão de Direita e Esquerda. Algumas vezes pesquisei, até que encontrei aonde tudo começou. Na França, século XVIII. De forma resumida: A Esquerda representava a evolução, enquanto a Direita, queria manter as coisas como estavam. No caso, a Direita é reacionária. Depois desta breve explicação, fiquei mais tranquilo e julgava que tinha noção do assunto. Porém, e sempre existe um, chegaram as eleições e o pessoal enlouqueceu. O Jair Bolsonaro lançou sua candidatura como presidente, e ele é de Direita. Do outro lado temos a Esquerda, representada por muitos políticos, mas o principal, Fernando Haddad. Começou a guerra verbal no Facebook. Escrevi muitos textos, falando mal de todos os candidatos, inclusive do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Estava preparado para anular meu voto. Foi quando um ex-gestor e amigo, após comentar um dos meus textos, demonstrou seu ponto de vista de uma forma diferente. "Eu não vou casar com o Bolsonaro, mas sonho com uma economia liberal. É a nossa única chance. Olha o Ministro da Fazenda dele, Paulo Guedes, depois me diz o que acha".
 A partir desta fala, comecei a ver alguns vídeos de entrevistas do Paulo Guedes. Me apaixonei. PhD em Economia, deu aula no Chile e prestava consultorias para o Governo. Veja quem é o Chile, na atualidade. Conhecer o Paulo Guedes e seu trabalho foi um fator determinante para minha decisão. Não obstante, precisava conhecer política mais profundamente. Baixei um livro: "Por que o Brasil é um país atrasado? - Luiz Philippe de Orleans e Bragança". Este livro explica perfeitamente a questão de Esquerda e Direita. Entendi, finalmente, que é uma questão de mercado. Aprendi o significado de Democracia, como ela nasceu. Aprendi, também, a diferença entre Capitalismo Liberal e Capitalismo Keynesiano, que é o que vivemos no Brasil. Tudo certo, estava preparado para escrever e repassar meu conhecimento. Só que as pessoas estavam fora de controle. Qualquer texto que escrevesse, a favor da Esquerda ou Direita, geraria confusão. Analisei os comportamentos. Fiquei assustado.

Meus amigos da Esquerda estavam enfurecidos com a falta de emprego, a economia em queda livre, violência aumentando, educação sendo uma das piores do mundo, pessoas morrendo em hospitais, professores apanhando em sala de aula. Todos insatisfeitos com o governo. De repente, quando começou as campanhas eleitorais, parece que sofreram uma perda de memória repentina e passaram a defender a Esquerda com unhas e dentes. Aquilo tornou-se estranho demais. Ao invés de debater Saúde, Educação e Segurança, debatiam algo totalmente diferente. O assunto era racismo, homofobia, ideologia de gênero, comércio de armas e sei lá mais o quê. Nada produtivo. Sem falar que todos se preocuparam com os pobres, como se a Direita fosse matar todos. Economia? Não foi um assunto prioritário. Oportunidade de crescimento? Menos. Uma bobagem atrás da outra. E uma palavra foi muito utilizada para ofender quem é de Direita: Fascista. A maioria das pessoas nem sabe o que isto significa. Conhece o Benito Mussolini? Um dos fundadores do Fascismo e Ditador Italiano. É dele o conceito: "Tudo para o Estado, nada contra o estado, nada fora do Estado". Tem um viés autoritário nacionalista. Parece familiar? Falam do que não sabem no Facebook.
Todas as vezes que tentei debater com meus amigos da Esquerda, só perguntava se concordavam com o país atual. Adivinha? Queriam mudanças com o mesmo governo. E atacavam a Direita com bases especulativas, obviamente lançadas pela Esquerda, como o fim da Democracia e o início do Fascismo. Enfim, acabou as eleições e vamos torcer para tudo dar certo. Boa parte da população anunciou que vão ser "resistência". São pessoas que têm seus motivos. Devemos respeitar para evitar mais perdas. Após esta contextualização, o que foi possível aprender?

A política nunca vai mudar. É uma questão de mercado, Esquerda vai agir de uma forma, Direita vai agir de outra. Qualquer decisão política reflete na bolsa de valores; dólar pode subir ou descer; o real pode ser valorizado ou desvalorizado. Empresas abrem, fecham... Por isto é uma questão de mercado. Essas questões aprendi lendo, conversando com pessoas mais politizadas.
As pessoas que me surpreenderam nessas eleições. Dependendo do que acontecer, a política vai estar acima da amizade. No calor da emoção acabei escrevendo demais, o equilíbrio que preservo, quebrei puxando para Direita. Como Administrador e Escritor, não posso participar da forma que fiz. Foi um erro grave. Lógico que devo escrever, me posicionar. Infelizmente agi de forma errada. Muitas perdas seriam evitadas. Me culpo por quebrar o equilíbrio que tanto cuido. Algumas pessoas que se afastaram, acredito, vão voltar com o passar do tempo. Outras, dificilmente retornam. Minha ansiedade de demonstrar os novos conhecimentos adquiridos terá um preço mais alto do que poderia imaginar.
Em 2019 quero renovar meus textos. Quero aprender a escrever historias. Se for bem-sucedido, criarei outro blog, exclusivo para historias, e manterei este para emitir opiniões, quando necessário, e se necessário; com o passar do tempo quero escrever somente historias. Vou precisar superar meus limites no novo ano que se aproxima. Acabei ferindo 3 pessoas que são importantes para mim. Sem citar nomes: uma amiga que demorei 10 anos para reencontrar; uma amiga escritora; um professor de academia. Machuquei todos e os afastei por causa dos meus textos. Não foi minha intenção, claro que não, mas não pensei direito antes de escrever. Deveria ter analisado bem melhor as formas de expressão que utilizei. Sem falar nas outras que sumiram. Tudo me faz pensar.

Eu sofro muito toda vez que sou excluído. Tenho medo de ser esquecido. É uma característica que preciso mudar. As pessoas não vão me esquecer por causa de uma desavença, uma briga, por política ou seja o que for. Acredito que planto muitas coisas boas, que não serão esquecidas facilmente. Preciso acreditar que meus textos alcançam olhos que nem imagino. Tenho que parar de acreditar que só meus amigos e as minhas amigas leem o que escrevo. Por essas e outras que, ao escrever em 2019, preciso retomar o equilíbrio das minhas posições.
Este ano sofri demais pelas perdas. Obtive ganhos, como a força dos meus amigos e das minhas amigas. Os inúmeros elogios que recebi pelos meus textos. Em vários momentos me senti importante, um grande escritor. Daí começou as campanhas políticas, estudei sobre o assunto, me qualifiquei para escrever e dividir o conhecimento. Eis algo que me arrependo. Novamente, perdi pessoas que gosto devido ao meu estilo agressivo, praticamente desrespeitando as pessoas e suas opiniões. Por mais que eu estivesse certo pelo que li, não deveria jamais ter feito o que fiz. A cereja do bolo foi anunciar meu voto. Enfim, preciso esperar por 2019 e recomeçar tudo de novo, esquecer os erros de 2018. Encerro este texto pedindo desculpas, caso tenha ofendido mais alguém. Garanto que não é intencional.


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