Quando eu era criança, passava nas casas dos vizinhos desejando feliz Natal; adorava fazer isso. Com o passar dos anos, o Natal foi perdendo a magia. Não sei explicar o que aconteceu, mas algo mudou. Os últimos Natais passei ao lado da minha namorada e da família dela. Recebi presentes e dei presentes. Mas em 2013 decidi, junto com a minha mãe, que seria diferente dos demais anos. Avisei minha namorada que passaria o Natal na casa da minha tia. Ela não botou nenhum tipo de empecilho, e aceitou a escolha que fiz. Eu queria que o Natal fosse diferente...
Estávamos descendo a rua Campos verdes, em direção ao sobrado. É lá que mora minha tia e meu primo. Meu tio, infelizmente, não está mais entre nós; faleceu há muitos anos atrás. Já passava das 23:00. A rua estava calma, com as famílias sentadas na mesa; esperavam à 00:00. Dos 2 lados da rua haviam enfeites; luzes piscando com intensidade; outras casa tinham estrelas, também piscando. Observei tudo aquilo, com minha mãe ao meu lado, relatando sobre seu joelho, que ela tinha medo que começasse a doer. A casa da minha tia é um pouco longe da nossa, mas valeria o esforço...
Quando chegamos no sobrado, encontramos não somente minha tia e meu primo; as irmãs da minha tia estavam lá. Como minha mãe e eu conhecemos o pessoal, não houve problemas para se enturmar e conversar bastante. Meu primo e eu ficamos bebendo, uma bebida com energético; não recordo o nome, mas estava muito bom. Conversamos sobre relacionamentos, carro, a nova geração, festas... Entre outros assuntos. A conversa estava bem animada. As pessoas já haviam jantado, portanto, jantamos por último; minha mãe cuida de mim como se eu fosse um menino de 10 anos. Após jantarmos, retomei a conversa com meu primo. De repente, algumas bombas começaram a estourar. Meu primo pegou a champanhe e ficou na sacada, esperando o momento de abrir. Daí peguei minha câmera digital e comecei a tirar algumas fotos. Começaram os abraços. O Natal havia começado...
Percebi que meu primo abraçou minha mãe e demorou a solta-lá. Passado alguns minutos, quando ele soltou ela, notei que minha mãe estava chorando. Não entendi o que aconteceu. Meu primo me abraçou: "Obrigado por ter vindo. É o primeiro Natal que passamos juntos. Obrigado." Eu fiquei sem reação, apenas disse que o prazer era todo meu; era uma honra. Passado à meia noite, minha mãe e eu descemos para irmã dela, onde encontraria meu afilhado Mateusinho, que, recentemente, sofreu uma agressão muito forte de algum maluco pervertido. No caminho para minha tia, minha mãe disse o que meu primo falou em seu ouvido: "É a primeira vez que a família do meu pai passa o Natal comigo. Obrigado. Sem palavras." Fiquei emocionado. Às vezes alguém espera nossa presença, mas, por um motivo ou outro, acabamos renunciando. Natal sensacional, ao lado do meu primo. E, melhor ainda, por ter reencontrado meu afilhado. O Natal de 2013 foi especial. Não ganhei presentes; não bebi até cair; tampouco participei de alguma festa. O Natal mostrou-me sentimentos que eu havia esquecido...
O Natal, na minha opinião, é apenas uma data comercial. Tu encontra alguém e diz: "Feliz Natal." E o que mais vai dizer? Muita saúde e paz? Não tem o que dizer. Eu gosto mais do Ano Novo, onde podemos dizer mais coisas bonitas; incentivar pessoas. Porém, o Natal é um momento de reunir a família. Eu não sabia que meu primo tinha esses sentimentos pela minha mãe e por mim; ele sente nossa falta. Eu preciso abraçar mais no Natal, reencontrar algumas pessoas. Enfim, preciso voltar a ser criança, pelo menos no Natal. Não me importo com presentes, me importo mais com as pessoas. Se ganhar um presente fico feliz, caso contrário, um abraço sincero me satisfaz. O Natal me presenteou com um sentimento...
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