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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A verdade no espelho


Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014.


Era para ser uma sexta-feira como qualquer outra. Ao chegar na academia, fui a procura do Maiquinho, pois sempre abraço ele antes de iniciar meu treino. Quando encontrei Ele, conversamos um pouco. "Vai lá te puxar, quero ver tu suando." Dei um sorriso discreto e virei as costas e comecei a caminhar em direção à recepção, onde estava a professora. Botei a mão no bolso esquerdo e peguei minha luva. Olhei para ela e pedi que me ajudasse. Ele me ajudou, mas deu um recado. Praticamente um puxão de orelhas: " Tá, e aí? Não vai para esteira? Tu tem que emagrecer. Vai perder barriga, cria vergonha na cara. Vai para os aeróbicos e fica 1 hora. Duvido." Levei na esportiva. Mas fiquei pensando no que ela disse...
Iniciei meu treino, da maneira que estou habituado: costas. Fiz três repetições com 20 quilos. Tudo tranquilo. Nesse meio tempo, o Maiquinho aparecia: "Força. Só mais uma, sei que tu consegue." E assim ele foi me incentivando. Mas o que a professora me disse não saia da minha cabeça. O jeito que ela falou, eu estava ciente que era brincadeira, porém, havia uma ponta de verdade. Tentei desviar meus pensamentos e seguir meu treino. Fiz mais 2 exercícios para as costas e encerrei, sempre com o Maiquinho na minha volta, buscando dar aquele apoio moral. Enfim, o momento de treinar bíceps estava próximo. Para tal treino, é bom ficar de frente ao espelho. Olhando o espelho, descobri algumas verdades sobre mim. Uma tristeza instalou-se repentinamente...
Olhando para o espelho, com um alter de 6 quilos na mão, decidi murchar a barriga, só para ver como eu ficaria se perdesse barriga. Respirei fundo, fazendo o abdômen se retrair. A imagem que estava diante meus olhos, por um breve momento, encheu-me de orgulho. Lá estava eu, magro, peito em evidência, braço esquerdo forte. Que espetáculo. Contudo, quando larguei a respiração, novamente estava minha barriga em destaque. Nostalgia dos meus 16 anos, quando jogava futebol; era um bom zagueiro. Uma vez mais, a solidão me dominou; perdi a vontade de treinar. As palavras da professora martelavam minha cabeça: "Não vai para esteira? Tu tem que emagrecer. Vai perder barriga, cria vergonha na cara." Meu semblante se fechou. Ir para casa tornou-se uma obrigação...
Atravessei a roleta um tanto abalado. A professora ainda perguntou: "Não ficou bravo comigo, né?" Claro, que não. A culpa de toda situação que estou vivendo é minha. Desde meu acidente até minha barriga. Estar ciente dos meus erros, é uma virtude que poucos homens têm. É mais confortável arranjar desculpas para nossos fracassos. Prefiro assumir as responsabilidades dos meus atos e escolhas. A noite estava tranquila, boa para caminhar. Ao chegar em casa, tomei um banho e fiquei pronto para dormir. Um dia, cedo ou tarde, perderei esta barriga. É questão de tempo, treino e descanso. E claro, exercícios aeróbicos...  

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Pedindo aumento salarial




Responda sinceramente: Quanta tu acha que merece ganhar? Muitas pessoas vão ambicionar um salário superior a R$ 1.500,00. Perfeito! Achar é uma coisa, merecer, é outra bem diferente. O que tu estás estudando? Qual teu diferencial na equipe? Pensar algumas coisas faz bem, e é melhor do que acabar se enrolando na frente do gestor. Não sei exatidar o ano, mas creio que foi em 2011. Depois daquela conversa, nunca mais pedi aumento salarial, passei a prestar mais atenção em outros detalhes que passavam despercebidos por mim...
Meu gestor me chamou para um feedback; todo mês havia um. Quando entrei naquela sala, meu discurso estava preparado. De acordo com meus pensamentos, não me faltavam argumentos para receber um aumento. Ele sentou numa cadeira, e eu em outra; ficamos frente a frente. Então, após a conversa básica, cheguei no ponto que eu queria.
- Eu acho que mereço um aumento. Veja bem: Eu cadastro pontos de vendas, fixo tiragens, faço pesquisa de vendas, atendo os clientes com muita educação e me dedico aos problemas que eles querem resolver. Sem falar que nunca falto e estou sempre no horário dentro da empresa, e não tenho nenhum atestado. Está na hora de receber um aumento.
Meu gestor me olhou. Ficou parado por alguns segundos, como se estivesse escolhendo as palavras certas. Quando, finalmente ele falou, fiquei sem reação:
- É isso aí, Mateusinho. Mas me diz, o que tu faz além das coisas que citou? Porque, até agora, tudo que falou tu é pago para fazer. O que mais tu faz? Chegar no horário é tua obrigação, né? Já viu alguém da equipe atender os clientes mal? Para querer um aumento, tu tem que oferecer algo a mais para empresa. Tu foi contratado para fazer exatamente tudo que está fazendo...
Eu fiquei em silêncio. O assunto foi encerrado e não pensei mais em aumento. Percebi, de imediato, quantas oportunidades eu tive de agregar conhecimento. A equipe não estava me dando trabalho a mais para executar, mas sim, me dando uma oportunidade de crescimento; desenvolver novas aptidões. Tudo aconteceu há 3 anos atrás; hoje sou 3 anos mais experiente. Meu primeiro emprego administrativo, no meio de gigantes que acreditaram em mim. Contudo, minha inexperiência fez minha produção ser pífia. Neste momento, enquanto escrevo este texto e recordo situações passadas, só quero que as pessoas não passem pelo que passei. Para e pensa no que está fazendo de diferente; maneiras de melhorar o processo. O tempo me ensinou: Não se pede aumento salarial. Se teu trabalho é realmente bom e diferenciado, a empresa vai aumentar teu salário naturalmente. Caso isso não aconteça, e realmente acredita no teu trabalho, o melhor é buscar uma nova oportunidade no mercado. Independente da empresa que estiver: Grupo Apisul, Grupo RBS, Correio do Povo, Gerdau, Dell ou o mercadinho da esquina. Se tu faz somente o que é pago para fazer, não reclama. Espera o dissídio...


Recordo do meu gestor dizendo: "Mexe mais no Excel. Faz umas planilhas de controle." Certa vez ele até me deu uma prova de Excel para estudar. Não somente ele, mas outras pessoas da equipe. Eu achava que estavam debochando de mim, por não saber direito mexer no Excel. Que tolo eu fui. Nos dias atuais, qualquer coisa que vou fazer, já abro uma planilha de Excel; agora sei Excel básico. Aprendi muito, depois que perdi tudo. A vida é assim. De qualquer forma, sem citar nomes, carrego gratidão eterna por tudo que fizeram por mim. Às vezes tenho vontade de chorar, só de pensar no que deixei para trás; algo inacabado. Um sentimento perene. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A lei e a Justiça




Ao contrário do que as pessoas pensam, a lei funciona, sim. O que não acontece, muitas vezes, é a justiça. Vários amigos meus me questionam por quê não movi uma ação contra a RBS. A lei estaria do meu lado, com certeza. Mas seria justo? Nos 3 anos e 10 meses que trabalhei no administrativo de vendas não valeu nada? Não aprendi nem um pouco? A diferença entre lei e justiça, aprendi com um coordenador, durante uma entrega de materiais para equipe de vendas...
Dentro daquela Sprinter, andando por uma avenida de Porto Alegre, comecei a falar minha historia; mais que um colega de trabalho, um amigo e mentor. Falei sobre minha indenização, a qual tinha direito. Então, ele falou algo que nunca mais esqueci:
"Ué, coloca na justiça. Se tu acha que a empresa não foi justa contigo, é teu direito botar na justiça. Se acredita que a empresa não te deu oportunidade de crescimento, nem nada parecido, a escolha é tua." Aquelas palavras me fizeram pensar. Perguntei para ele qual a diferença entre lei e justiça. Um exemplo prático, para nunca mais esquecer:
"Se um cara vai lá e fica com a tua namorada, te bota uma guampa das mais dez. Lógico que tu vai lá e quebra a cara dele, né? Nada mais justo. Mais ele pode te processar por agressão. É lei. A justiça foi quando tu quebrou a cara dele. Agora ele te processa. Entendeu? A 2 tipos de justiça: A justiça do homem, e a justiça através da lei. Portanto, é tu que sabe se a empresa foi justa contigo ou não..."
Ele fez eu pensar, ao invés de me dar uma resposta de como deveria agir. Pensei muito no que ele falou; na verdade, penso até hoje, quando alguma situação foge do meu controle. Às vezes é melhor pensar do que agir por impulso. Impulsividades sempre acabam ferindo pessoas que não merecem. Eu poderia mover uma ação contra a RBS (Agora, não posso mais. O tempo que eu tinha acabou. Não me arrependo de nada.), mas seria muito injusto com as pessoas que me ensinaram, que acreditaram e acreditam em mim. O meu chefe não mandou eu comprar uma moto e ir trabalhar. Eu que acelerei de forma irresponsável. E se eu morresse, a culpa seria da RBS? A responsabilidade da RBS era ficar comigo durante 1 ano; fiquei 3 anos e 10 meses. Não fiquei mais, por erros meus, por ser inexperiente. É fácil mover ação contra empresas. Mas é justo? Sou homem para assumir meus erros. Agradeço meu velho mentor, por me ensinar a diferença entre lei e justiça. Eu fiz o que era justo...