Meu acidente

Meu destino sofreu uma grande alteração quando subi naquela moto. Minha mãe tentou me avisar: “Filho, vai trabalhar de ônibus, até tu aprender a andar bem de moto...”.

Eu não a ouvi e sofri as consequências por isso. Tudo que eu queria era mostrar minha moto para meus colegas de trabalho, mostrar que consegui realizar meu sonho. Mas não imaginei que meu sonho iria me matar...

No dia 04/03/2005, uma sexta-feira, meu colega Maurício, que tinha o apelido de pateta, levou-me até a loja para retirar minha moto: Titan 150 preta, ES. Após pegar minha moto, nos despedimos e seguimos em direções diferentes. A primeira coisa que fiz, foi passar na loja da minha amiga Rochele, considerada uma irmã, pois o Márcio e eu estávamos sempre juntos...

Quando cheguei em casa tentei dormir. Eu trabalhava como jornaleiro e acordava às 04h00min  todos os dias, natural dormir na parte da tarde. Dormir? Passei mal; suei frio, pesadelos impediram que eu dormisse bem. Seria um aviso? Talvez. De uma forma ou de outra, Deus sempre nos envia sinais dos perigos eminentes. Porém, sou um ser humano como qualquer outro. Resultado: não quis escutar os sinais...

Ao cair à noite, estava pronto para sair e me divertir muito. Encontrei meus amigos da Tribo 95. O nosso destino era certo: Gravataí. Em Gravataí tem ótimas festas, além de inúmeros ‘pegas’ de moto. À noite prometia aventuras. Adrenalina. Eu, em cima daquela moto, sentia-me o dono do mundo, mesmo não sabendo andar corretamente; trocava de pista sem olhar os espelhos retrovisores. De repente, no meio do caminho, decidi voltar para casa. Meus amigos pararam as motos, achavam que eu estava com problemas. Argumentei: “Vou voltar para casa. Tenho que trabalhar amanhã.” No dia 05/03/2005 que tudo aconteceu...

Meu acidente aconteceu às 06: 00 da manhã, e peguei minha moto no dia anterior às 16h00min. Ou seja, meu sonho não durou 24 horas. Para escrever todos os detalhes do meu acidente, preciso de mais tempo e espaço. Talvez um dia eu escreva um livro. As pessoas não sabem o que aconteceu antes do meu acidente, nem o que eu fui fazer na escola. As pessoas não entendem minha paixão pelo grupo RBS. Na verdade, para escrever todas as informações que carrego comigo, é necessário entre 200 e 400 linhas, no mínimo. Mas contarei o principal...

Ao me perder numa curva, bati de cabeça num poste, a 80 km/h aproximadamente. O que aconteceu? 23 dias em Coma profundo; clavícula quebrada; rompimento do plexo braquial; pulmão direito perfurado; pulmão esquerdo parou de funcionar; traumatismo craniano; infecção hospital generalizada; parada cardíaca por 7 segundos...

Mas eu sobrevivi, com a graça de Deus. Minha vida nunca mais foi à mesma. No meu braço direito ficou uma sequela permanente: perca total do movimento do braço, impossibilitado até de mexer a mão. Hoje sou feliz e grato por tudo que aconteceu. Apesar de ser deficiente físico, sei que minha vida mudou para melhor. Existiram 2 Mateus: antes e depois do acidente. Antes do acidente era um homem com sonhos pequenos, que queria ser frentista; após o acidente, um guerreiro incansável na luta por dias melhores. De frentista à Administrador. Agora sei o que quero. Serei investidor, um empreendedor de respeito. E que Deus me abençoe...