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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Preso no elevador



Eles estavam fazendo manutenção numa impressora. O Thiago estava em pé, ao lado dos técnicos, seus colegas de trabalho. Para mim era apenas uma máquina aberta com muitas peças. Para o Thiago, era um momento de aprendizado: ele ficou sério, observando como eles desmontavam e limpavam as peças. Eu não tinha muito o que fazer naquela sala. Por que não descer até o refeitório e tomar um chá? Parecia ser uma boa ideia descer de elevador. Só parecia...
Apertei o botão para o elevador descer e aguardei. Olhei o relógio: 16:40. Pelo horário, talvez encontrasse o Lucas e o Almeida tomando café. É sempre bom dar umas risadas com eles. Ou quem sabe eu encontraria outras pessoas da Multisat. Independente de quem estivesse no refeitório, conversaria com algum colaborador; conheço muitas pessoas na empresa.  O elevador parou e abriu as portas. Quando entrei, algo estranho aconteceu...
As luzes piscaram e, logo em seguida, apagaram. Passado alguns segundos, as luzes se acenderam. Olhei para cima, a minha direita, o painel estava apagado, sem nenhum número. Percebi, de forma rápida, que estava preso dentro do elevador. Fiquei calmo. Peguei o celular do bolso e liguei para o Thiago. Quando falei sobre estar preso no elevador, o Thiago demonstrou total tranquilidade. Quase me irritei com ele. "Sério? Capaz que tu está no elevador. Espera que vou avisar o pessoal." O Thiago é assim, calmo, tranquilo. Após 5 minutos preso no elevador, o desespero começou a tomar conta de mim. Comecei a pensar numa série de besteiras...
"E se o elevador cair? Certamente quebrarei minhas pernas." Pensamento inevitável. O calor começou a incomodar. Olhei para o interfone e apertei o botão. A voz do outro lado parecia surpresa por haver alguém dentro do elevador. Mais uma vez, mandaram eu esperar. Fiz outra ligação, desta vez, para recepção: "Oi, Alessandra, tudo bem? É o Mateus. Só queria avisar que estou preso no elevador." Ela conseguiu ser mais tranquila que o Thiago. "A gente tá sabendo. Aguarda que já abrimos um chamado." Chamado? Como assim? Comecei a ficar sem ar. Decidi sentar. Mas sentar não era o bastante, optei por deitar. Uma voz no interfone chamou. Atendi, mas não era nada demais; mandaram eu continuar esperando. A última ligação: "E aí Emilson, beleza? Estou te ligando para conversar um pouco, já que estou preso no elevador." Ele mostrou preocupação: "Puts. Calma aí." Tirou o telefone do ouvido e falou com alguém. "Nós vamos tentar te tirar daí. Fica tranquilo...
De repente o elevador subiu e abriu as portas. Saí um pouco assustado, olhando para trás. Eu não sei exatidar quanto tempo fiquei dentro do elevador, mas foi em torno de 20 à 30 minutos. Loucura! Atravessei a grande porta de vidro temperado e caminhei para central de cópias. O Thiago me olhou, perguntou se eu estava bem e como tudo aconteceu. Daí me disse que havia caído a energia do prédio. "Por que não fiquei olhando consertarem a impressora?" Não, eu tinha que descer tomar um chá." A segunda-feira mais estranha de toda minha vida: ficar preso dentro de um elevador.



Espero que ninguém fique preso dentro de um elevador. É muito, muito estranho. Aquele ambiente fechado, sem ter o que fazer. E o calor? Insuportável. Conversando com minha colega de trabalho sobre o texto que eu iria escrever, ela disse que seria legal eu comparar estar preso no elevador, com as situações que acontecem na vida da gente. Exatamente: Muitas vezes estamos sem saída, parecendo que o mundo conspira contra nós. Mas, de repente, uma porta se abre. Basta ter fé e paciência, muita paciência. Pedimos ajuda e, mitas vezes, parece que ninguém dá bola para nossos gritos de socorro. Talvez, unicamente talvez, estejamos pedindo socorro para pessoas erradas. Se começarmos a pedir para as pessoas certas, quem sabe a ajuda chegue. Sempre haverá uma saída, sempre...

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