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domingo, 26 de janeiro de 2014

O sub-professor



Quando a gente se encontra, muitas pessoas ficam olhando o jeito que nos cumprimentamos: um abraço forte, sincero. É tudo bem diferente. Na verdade, o Maiquinho é o primeiro amigo que abraço com tal intensidade. O cara é diferente da grande maioria das pessoas que conheço. Além do mais, ele é muito mal interpretado, por seu jeito de ser. Demorei certo tempo para descobrir suas qualidades. Encontrei mais do que esperava, encontrei um amigo, um parceiro para treinar comigo na academia. "O dia que eu ganhar na Mega-Sena, vou te pagar uma cirurgia para voltar a mexer o braço. Tanto faz o preço, tudo para ver o sorriso de um amigo." Ele sempre me diz isso. Os professores negam, mas sentem ciúmes do Maiquinho: "Vai lá pedir ajuda para o Maiquinho." Eu procuro ele...
Que cara chato! Foi primeira impressão que tive sobre ele. Eu estava num canto da academia, onde ficam os mais fortes; treinava costas. De repente, do nada, ouvi uma voz: "Põe a perna direita para frente. Puxa com vontade isso aí, sente trabalhar as costas." Como não gosto de arranjar inimizades, apenas fiz o que ele sugeriu. Após dar este conselho, virou-se e seguiu seu treino. Observei ele treinando: o cara é maluco, rosca direta com 12 quilos. Estatura média, branco, olhos azuis; peito e braços definidos. Nada mal. No dia seguinte, eu estava treinando trapézio; o Jeremias estava me ensinando como fazer. Daí, quando olho para o lado, quem está dando palpites? Ele mesmo. "O Jeremias, não é melhor fazer assim? Não vai trabalhar melhor se ele segurar o peso e forçar do outro lado?" Eu fiquei quieto, o Jeremias também. Mas, a partir de então, percebi outras coisas...
O Maiquinho não é graduado em educação física. Porém, treina há mais de 5 anos. Ele só queria me ajudar. Comecei a cumprimentar ele com bastante frequência; busquei conhecer ele melhor. E ele, por algum motivo, não deu mais palpites no meu treino. Tudo ficou normal, apenas conversas paralelas. No mês de setembro precisei parar de treinar, para pagar algumas contas. Depois de 2 meses retornei. E quem encontro? O Maiquinho. Conversamos, descontraímos. E então, ainda mais empolgado, começou a me ajudar nos treinos. Não eram mais simples palpites, ele ajudava, literalmente: "Vamos lá, mais força, vamos que falta pouco. Puxa mais uma pela nossa amizade." Ele me incentiva. Acredita. É muito importante para o meu desenvolvimento, ter alguém me incentivando; é chato treinar sozinho. Apesar de não ser professor, ele nunca força: "Só mais uma e chega." Tratando-se de treinos aeróbicos ou do meu braço direito, procuro os professores. Agora, quando preciso fazer força com o braço esquerdo, não tenho dúvida: O Maiquinho é o cara. Como não tomo nenhum suplemento, na última série sofro, afinal, já gastei quase toda minha energia. Neste caso, o Maiquinho me ajuda a completar a série. Meu bruxo, meu brother... Maiquinho!! Espero que nossa amizade dure por muitos e muitos anos...


  

Abdominal? O Maiquinho quase me mata. Quando está no fim, ele diz: "Mais 5 pela parceria." Eu faço. Na boa, se não é o cara me incentivando, não faço nem 10. Com ele? No mínimo 50. O cara é diferente. Após acabar uma série, a gente se abraça e parabeniza a superação. As pessoas ficam olhando, sem entender. Acho que nunca entenderam o valor de uma amizade, o que significa um abraço forte e sincero. Só tenho a agradecer, por este amigo que me ajuda a superar meus limites. E, acima de tudo, respeitar minha deficiência. "Fico triste que tu não mexe um braço, para treinar parelho comigo. Mas vamos lá, bora treinar." Sem palavras e muito grato por tudo.

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