Minha namorada precisava fazer um book fotográfico para sua formatura, na produtora ST, localizada em Canoas. Logicamente que me convidou para ir junto, e eu sabia o quanto era importante para ela. Dia 04 de julho, às 15 horas. Não conheço Canoas e seus detalhes, suas avenidas e ruas, mas acredito piamente na minha comunicação. Desta vez não seria diferente. O que poderia acontecer de errado? Nada poderia impedir nossa trajetória.
No horário combinado, peguei o ônibus e fui ao centro de Porto Alegre. A Camila estaria lá, me aguardando para almoçarmos e irmos à estação, pegar o trem rumo à Canoas. Até aquele momento, apenas um casal almoçando e conversando. Conta paga. Agora, era questão de seguir nosso destino. De mãos dadas, sorrindo e brincando um com o outro, chegamos na estação. Da estação em diante uma série de situações se iniciariam. Houve um momento engraçados, logo após passarmos a catraca. Achei estranho a reação do rapaz. Sinceramente, me pareceu muito idiota tal atitude.
O pior estava reservado para Canoas. Jamais pensei que poderia acontecer comigo. A Camila dava altas risadas. Quem não conhece, jamais saberia o significado. Eu namoro faz 7 anos, sei perfeitamente o que significa as risadas dela em excesso. Canoas me surpreendeu. A produtora ST também acabou me surpreendendo.
Estávamos bem adiantados. Ao atravessarmos a roleta e caminharmos em direção à plataforma, avistamos um casal. O rapaz branco, alto, com sua namorada (talvez mulher). Uma loira de estatura baixa. O rapaz foi mexer no bolso e deixou cair uma moeda. Conversou rapidamente com sua companheira e seguiram caminhando. Segurei firme a mão da Camila, caminhei rápido e peguei a moeda do chão, uma moeda de 0,25 centavos. Tentamos alcançar o casal para devolver a moeda, o que não foi possível. Precisamos subir a escada rolante e chegar a plataforma. Então, ao nos aproximarmos do rapaz, a situação ficou estranha. O rapaz muito bonito. Os olhos verdes água, bem claro, seguido de um rosto angelical. Sua namorada também, olhos claros lindos, mas não tinha tanta beleza quanto ele. Tentei entregar a moeda.
- Moço, deixou cair uma moeda.
- Esta moeda não é minha.
- Mas eu vi cair do teu bolso. Estou devolvendo.
- Não é minha. Mesmo que fosse, pode pegar para ti.
- Então, é tua, só quero devolver.
- Não, não (risos). Não é minha.
- Tudo bem, então.
Peguei a mão da Camila e nos afastamos. "Queria ver se fosse uma nota de 100 reais, duvido que ele não ia querer", comentou a Camila. Sei lá o porquê ele negou. Talvez seja uma tradição de família, tipo: se cair uma moeda tua no chão não pegue, pois dá azar. Nem me concentrei na negativa do rapaz. Queria apenas curtir a viagem, minha namorada. Ansiedade por chegar na produtora e tirar fotos. Seria legal, divertido. Porém, ao descermos na Estação Canoas, as confusões começaram. E a Camila dava risada. Nem sempre é um sinal positivo as risadas do meu amor.
As informações que a produtora passou para Camila eram objetivas: descer na Estação Canoas, chegar ao centro, dobrar a esquerda, caminhar até uma passarela de madeira e encontrar uma churrasqueira; a produtora estaria perto. Muito simples, contudo a estação tem duas direções, e o centro é gigante. Atravessamos a roleta e caminhamos para esquerda. Quando estávamos descendo, parei e questionei a Camila. "Será que o centro não é para o outro lado? Vamos perguntar para aquelas meninas". Elas apontaram para direita. Então, descemos e chegamos no centro. Muitos ônibus e comércio dos dois lados. Tinha duas senhoras perto de um carrinho de pipoca. Perguntamos para elas se conheciam o endereço: Av. Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, 22. Elas disseram que não conheciam e indicaram o fiscal de ônibus, que com certeza saberia nos informar.
E ele explicou. Disse que estávamos longe, que seria necessário pegar um ônibus. "Eu sei que é longe, mas disseram que era só caminhar. É perto de uma churrascaria", argumentava a Camila. O fiscal pareceu recordar. Falou de uma churrascaria chamada Passoquinha. Disse que precisávamos retornar para estação e atravessar para o outro lado.
Peguei a mão da Camila e retornamos, conversando e dando leves risadas. Ao chegarmos do outro lado, avistamos dois táxis amarelos, parados, numa espécie de praça. Acreditei que seria importante perguntar para um taxista o endereço. Qual foi nossa surpresa? O taxista conhecia o endereço. Orientou que retornássemos para o outro lado. Agradeci e retornamos. A Camila sorria, dava altas risadas. Quando faz isso, é porque está nervosa. E sobra para mim. Entre uma risada e outra, ela me xingava. Paramos no meio do caminho, e decidi retornar e descer aquela rua. Quem sabe, a gente avistava uma churrascaria. Voltamos, passamos pelo taxista de forma discreta, e encontramos um CFC. Novamente pedimos informação. O taxista estava certo, precisávamos atravessar para o outro lado. Retornamos. A Camila dava risada, chamava minha atenção, mais risadas... Quase apanhei.
Chegamos do outro lado, o centro (descobrimos depois que era o centro) e a Camila não queria nem olhar o fiscal de ônibus. Dobramos a esquerda e entramos numa loja de langerie; pedir mais informações. A moça disse que não sabia, mas o dono da padaria que havia na esquina trabalhava no mesmo local há mais de 30 anos. A Camila entrou na padaria e conversou com o proprietário que, de fato, nos mostrou um caminho: seguir em frente até a BR, que haveria taxistas para nos indicar melhor. Chegando lá, falamos com um policial.
"Dobra a direita, sobe, depois dobra a esquerda. Vão avistar a passarela e a churrascaria Passoquinha", disse o policial. Tínhamos 20 minutos para chegar na produtora. Seguimos as orientações e encontramos a tal passarela de madeira. Atravessamos a passarela. Chegamos numa rua estranha. Uma descida. Na esquina estava a tal churrascaria do Passoquinha. "Finalmente vamos chegar na produtora", pensei. Caminhamos. Nada. Olhamos para a direita e avistamos uma ferragem. E lá vamos nós, perguntar novamente. O dono falou que estávamos perto. Que era só dobrar na esquina, subir a rua que encontraríamos o endereço. Meu Deus! Finalmente encontramos a avenida. Ela estava num cruzamento. Dobramos a direita e olhamos os números; quanto mais descia, aumentava os números. Decidimos voltar e caminhar na direção oposta, atravessando a rua.
Tinha uma praça vazia e um terreno baldio. "Esta rua não tem cara que tem uma produtora", comentei com a Camila, que seguia rindo e xingando. Eu tentava acalmar ela. Encontramos um morador, perguntei onde era o número 22, e se ele conhecia a produtora ST. "Acho que tem uma produtora, do outro lado", foram as palavras daquele senhor. Que loucura. Olhei para o relógio, enquanto caminhava de volta. "Para de olhar esse relógio. Está me irritando". Olhei para ela e respondi: "Calma amor, tudo vai dar certo". Busquei descontrair o clima.
De repente, ao atravessar a avenida, observei um prédio. Ali, no portão, estava escrito "Produtora ST", mas era bem pequeno. "Quem é o gestor de Marketing? Não poderia cuidar do Marketing Visual?", pensei e quase falei. O importante é que estávamos na produtora, exatamente às 15 horas. Nos encaminhamos para a recepção. Se imaginasse que a produtora atua de tal maneira, certamente teria fechado contrato para minha formatura de 2017.
As recepcionistas foram gentis com a nossa chegada e iniciaram o primeiro processo: nome, telefone, endereço e horário marcado para as fotos. Enquanto a Camila falava, observei atentamente os detalhes. Do lado da recepção, havia uma parede de vidro e 5 computadores. Visivelmente era onde editavam as imagens. Também tinha poltronas confortáveis para sentar. Depois de confirmado os dados, a recepcionista pediu que aguardássemos na sala de espera. Nos indicou um corredor. Ao chegar no final do corredor, fiquei boquiaberto. Trava-se de uma cafeteria toda decorada. Mesas redondas e cadeiras. Um balcão grande, com uma atendente. Na parede a esquerda de quem entra, uma parede de tijolos, uma série de máquinas fotográficas e câmeras de filmagem antigas, expostas dentro da parede e coberta por um vidro. Quadros e outros aparelhos; E uma televisão grande, ligada num canal esportivo. Abaixo, uma pequena lareira, que aquecia o ambiente e tornava tudo mais bonito. Um ambiente retrô. A decoração transmitia tranquilidade e confiabilidade nos serviços ofertados.
A maquiadora chamou a Camila. Enquanto ela se maquiava, comprei um café e tomei, assistindo os comentários esportivos. Assim que a Camila retornou, tirei minha jaqueta e tiramos umas fotos do celular dela. Eu estava com minha camisa azul social e ela com uma camisa vermelha. Mal tiramos as selfies e chamaram para as fotos individuais. Naquele momento, uma colega da Camila estava na espera, junto de seu marido e filha. Enquanto ela tirava as fotos, conversei com o casal, brinquei com a criança. Depois acabei saindo para rua, fumar um cigarro. Quando retornei, a colega da Camila já tinha ido se maquiar e seu marido estava tomando um café, com a menina no colo. Sentei do lado dele e puxei assunto sobre a Copa do Mundo. Passados uns 10 minutos, uma moça surgiu na sala e fez uma chamada inusitada.
"O marido da Camila para tirar fotos". Subi de cargo e nem sabia. Sorri e caminhei ao lado da moça, que me levou até onde estava a Camila. Chegando lá, a fotógrafa foi muito simpática, querida, nos deixando a vontade. Achei um tanto engraçado. A fotógrafa ficava instruindo a gente: bota a mãe ali, pega isso, olho nos olhos, beija, senta, levanta... Comentei: "Não sei por que quis ser Administrador. Deveria ser modelo...", muitas risadas. Após a sessão de fotos, nos solicitaram que aguardássemos um pouco na cafeteria, que em breve chamariam para escolher as fotos para formatura que vão aparecer no telão.
Levou alguns minutos e chamaram a Camila. Nos despedimos da sua colega e fomos para sala que fica ao lado da recepção. Como desconfiava, realmente era aonde as fotos eram tratadas. A Camila escolheu as fotos. Conversaram valores para um outro pacote que não está no contrato. Nos levantamos e caminhamos rumo à saída. Agora a gente sabia o caminho de volta para estação. Na verdade, até me perdi de novo, mas estávamos no centro de Canoas, e qualquer pessoa poderia dizer onde fica a estação. Sobre a produtora ST? Recomendo. Ambiente lindo. Pessoas cientes do processo; todos com a mesma informação. É a melhor produtora que conheço. Conversamos bastante no caminho. Ao pegarmos o ônibus de volta para casa, encontramos um ex-colega do curso técnico. Mas é outra historia...
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