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sábado, 26 de agosto de 2017

Assalto ao Uber




Mamãe não estava em casa, tinha acabado de sair para visitar sua amiga inseparável, dona Neide. Eu estava sentado numa cadeira, no pátio, mexendo no celular. De repente, percebi que um carro parou na frente da minha casa. Reconheci o carro: Gustavo - O Estudioso. Fazia muito tempo que a gente não sentava para conversar, trocar ideias, debater diversos assuntos. O Gustavo chegou à minha casa era umas 19h00min, mais ou menos. Ficou por quase duas horas. Antes da sua partida, mamãe já havia retornado. Abraçou e beijou o Gustavo, o tratamento de sempre. Conversaram por alguns minutos. Gustavo olhou o celular e percebeu que era tarde, que precisava ir embora. Nos abraçamos e, em seguida, fui até a porta do carro para agradecer sua visita. Meu celular estava sem internet (desligo para conversar pessoalmente) e a bateria fraca. Ao entrar em casa, conectei ao Wi-Fi e avisei minha namorada que havia recebido uma visita, que ia tomar banho e já voltava para conversar com ela. Como de costume, deixei o celular carregando. Rotineiro, nada demais. Uma sexta-feira como qualquer outra. Tudo mudou quando entrei ao banheiro e me preparava para o banho. O que vou escrever é mais que uma historia. Presta atenção que é possível um aprendizado. Caso não entenda, no final do texto deixo uma orientação importante para motoristas de aplicativos. Os taxistas devem saber muito bem. Até mais. Leia.

Ouvi que mamãe conversava com alguém na porta da frente. Estranhei o fato, já que era um tanto tarde. Ao espiar de longe, acreditei que fosse meu amigo Maycon Pacheco, tamanha semelhança: Rosto bonito, cabelo bem penteado, com um cavanhaque. Uma visita sem avisar, inesperada? Quando o rapaz chegou mais perto, vi que não era meu amigo, tratava-se de um estranho. Coloquei de volta minha camiseta regata e fui para porta ver o que estava acontecendo. O rapaz estava apavorado, com os olhos pequenos; louco para chorar. Relatou que trabalha na Uber, que foi atender ao chamado de uma menina, na minha rua. Quando chegou, dois rapazes entraram junto e o renderam. Levaram o carro, um Onix bordo e a carteira com todos seus documentos. O carro não é dele, mas sim alugado.
Humildemente ele pediu um telefone para ligar. Tentou ligar para o 190, mas não obteve sucesso, em repetidas tentativas. Em seguida ligou para seu tio, que também é Uber; passou meu endereço e pediu para busca-lo. Era uma situação tão estranha, inesperada, que nem perguntei o nome dele. Só perguntei onde morava; Porto Alegre, zona norte, Sarandi: estava longe de casa. Mamãe deu para ele uma toalha da igreja abençoada e pediu para ele carregar. Como ele não conseguia falar com a polícia, pensei em pedir auxílio para meu vizinho, que é policial aposentado, talvez tivesse algum contato rápido. Mas eu não tenho o número da casa dele. Chamei o Anderson no Whats, expliquei a situação. Não demorou 5 minutos e o Anderson apareceu, se oferecendo para levar o rapaz na delegacia, já que seu irmão estava na sua casa e ele tem carro. Felizmente o rapaz havia conseguido falar com a polícia e seu tio estava chegando, num Onix preto. Quando o tio dele chegou, mais surpresas.

Acreditei que o tio dele viria sozinho, pegaria o rapaz e partiria. Estava na frente de casa, o Anderson e eu. De repente, no final da rua, avistei um Onix preto vindo. O carro andou lentamente e parou na minha frente. Pela semelhança, visivelmente o tio do rapaz. Então, em questão de segundos, entrou mais um carro na rua, e outro, mais outro, mais um... Havia cinco carros na frente da minha casa, sem falar em mais dois rapazes que apareceram a pé; todos motoristas da Uber. Rodearam o rapaz e começaram a fazer muitas perguntas: quem foi, onde foi, quantos eram, cor do carro, placa entre outras perguntas. Todos educados.
Naquele momento o rapaz já estava dentro do carro do seu tio. O Anderson e eu só observando, falando levemente e tentando ajudar. Decidiram que iriam primeiro para delegacia registrar ocorrência. Depois, acredito eu, tentariam achar o carro; geralmente abondam em algum lugar. Se despediram de forma educada, agradeceram pela ajuda. O Anderson havia acabado de chegar do trabalho, portanto estava cansado. Nos despedimos e retornei para dentro de casa, disposto a tomar meu banho e relaxar. No meio de toda essa confusão, minha namorada já estava ciente. Peguei o celular e avisei que, finalmente, tomaria meu banho. Tudo tranquilo, em paz. Banho tomado, curtindo o computador. Mamãe entra no meu quarto e diz alguma coisa. Tinha mais uma surpresa.

"Tem um carro preto parado quase na frente de casa. Um homem saiu do carro com o celular falando com alguém. Parece o tio daquele rapaz, mas não sei. Apaguei a luz da frente." Levantei da frente do computador e acalmei a mamãe, dizendo que, provavelmente, era o tio do rapaz. Abri a janela da frente e olhei. O Alex, meu vizinho da frente, estava parado no pátio observando. Decidi abrir a porta e sair para rua. De fato, era o tio do rapaz. Ao me ver, caminhou na minha direção. "Engraçado, está mostrando que o celular do meu sobrinho ainda está aqui na rua." Jogaram fora, durante a fuga. Neste momento meu vizinho Alex venho até nós, perguntando o que houve. O tio do rapaz resumiu a situação. O Alex perguntou:

- É um Iphone?
- Isso mesmo.
- Tá comigo. Meu filho achou na esquina. Vou ali pegar...
 
Então o tio do rapaz se virou para mim e perguntou: "Teu nome não é Mateus? Tu não é amigo da Letícia, que mora na Americana?" Fiquei um tanto surpreso. Respondi que sim. Ele disse que era ex-namorado dela e afirmou que me conhecia. Letícia... Mais de 6 anos que não falo com ela; seguimos caminhos diferentes. Nada contra, apenas não conversamos mais; perda total de contato. Não recordo de ter conhecido nenhum namorado dela, mas enfim.
O Alex retornou com o Iphone, a tela toda quebrada. Os ladrões viram que era um Iphone, possível de rastrear, tratam de jogar fora. Conversamos mais um pouco, o rapaz, seu tio, Alex, um outro motorista da Uber e eu. Disse meu nome, nos despedimos. A sexta-feira repleta de emoções diferentes chegava ao fim.

Motoristas da Uber são que nem taxistas; mexeu com um, mexeu com todos. É uma união bonita. Encerro este texto deixando uma dica para os motoristas de aplicativos. Muitos já devem saber, mas é valido reforçar: quando uma menina/mulher solicitar corrida no aplicativo, fiquem espertos. Se chegarem no local e encontrar meninos/homens juntos, perto ou se aproximando, não parem; passem reto. Já aconteceu com um amigo meu que é motorista da Uber. Chamaram ele, uma menina. Chegando avistou dois elementos parados num beco sem saída. O que ele fez? Passou reto. Não vale à pena arriscar. É muito perigoso. O que não pode é haver preconceito: "É mulher, não vou." Não é assim. Vai lá, sente o clima. Observa com cuidado; se sentir maldade, não pensa duas vezes e vai embora. Se o rapaz fosse um pouquinho "malandro", passava reto. Um rapaz educado, de família, trabalhador, de certa forma até puro. Acontece. Fico feliz que esteja bem, que não fizeram nenhuma maldade. Todo cuidado é pouco nos dias atuais, onde não temos segurança, nem para trabalhar...

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Imagem retirado do Google.

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