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domingo, 15 de maio de 2016

O Relógio





Quando iniciei minha carreira Administrativa no Grupo RBS, não usava relógio e nunca dei bola para tal acessório. O tempo foi passando. Observava que os gestores usavam relógios. Não somente os gestores, mas diversos colaboradores. Então, antes o que eu subjugava que fosse desnecessário, passou a ser parte do meu dia a dia; não conseguia mais andar sem relógio. Na época, não entendia nada de relógios, marcas conceituadas; usava relógio simples e barato, bem barato. Certo dia estava na Associação e avistei um relógio que chamou minha atenção. Tratava-se de um Mormaii, cor prata. Fiz uma compra parcelada. Que relógio bom. Sensacional. Depois de algum tempo, descobri que a Mormaii não produz relógio, quem produz é a Technos. Minha relação com o relógio tornou-se caso de amor e fidelidade. Após sair do Grupo RBS e aumentar minha remuneração através da experiência e estudos, jamais cogitei comprar outro relógio. Veja bem, são 8 anos com o mesmo relógio. Mas o destino é cruel e têm suas surpresas. Conversando com a minha namorada, fui cruzar o braço direito por dentro do esquerdo e, de repente, quebrou minha pulseira. Subjuguei que fosse algo fácil de consertar, que qualquer relojoaria consertaria. A verdade é outra. Aproveitando este momento triste de separação com meu relógio, visitei algumas relojoarias e observei as técnicas de vendas atuais. Que decepção...


Conversei com meu pai sobre o que havia acontecido com meu relógio, durante uma visita em sua casa. Ele falou que estava comprando relógios na parada 46 de Alvorada, ratificou que a qualidade era boa. Minha primeira tentativa seria ali, aonde meu pai havia indicado. Eu só queria arrumar meu relógio, entretanto, estaria atento caso houvesse uma promoção, algo realmente extraordinário ou uma boa técnica de venda. No dia seguinte precisei ir ao Banco depositar dinheiro e aproveitei para visitar as relojoarias. Conforme meu cronograma, a primeira relojoaria que deveria conhecer estava na parada 46, há poucos metros do Banco. Entrei na loja e uma morena alta, com um rosto jovial e um lindo sorriso me atendeu. Apresentei-me e mostrei o relógio, com a pulseira danificada. Ela analisou por alguns segundos e foi taxativa: "Não tem conserto. Só indo direto no fabricante. Se quiser lhe dou o endereço." Ela passou o endereço. Eu estava em estado emocional elevado: como pode uma simples pulseira não ter conserto. Olhei a vitrine de relógios. A moça pegou as chaves e abriu uma porta, mostrando-me os modelos, preços e formas de pagamentos. Realmente, um atendimento muito bom, acima da média. Agradeci e perguntei seu nome. Bruna. Não arrumei o relógio, mas encontrei uma excelente vendedora. Fui embora com uma ótima impressão. Se tivesse que comprar um relógio novo, certamente seria com a Bruna. Vamos à próxima relojoaria. Se houvesse conserto meu relógio, ficaria ciente que a Bruna foi antiética para tentar vender.


Atravessei à rua e caminhei em direção à próxima relojoaria. Entrando no estabelecimento, encontro duas moças, com um semblante nada agradável. Pareciam desanimadas, sem vontade de trabalhar. Apresentei-me e mostrei meu relógio, relatando meu problema. Uma das moças pegou meu relógio e analisou. Para minha surpresa, a informação foi a mesma que a Bruna havia passado. "Não é possível", pensei comigo. Decidi mostrar-me disposto a comprar um relógio. Acreditei que mostrariam os modelos, formas de pagamentos. Nada disso aconteceu. Apenas mostraram de longe os relógios e falaram os preços de alguns deles. Nenhum esforço para vender. Nada. Agradeci o atendimento e virei as costas; não pisaria naquela relojoaria novamente, devido ao péssimo atendimento. Na mesma rua, existe uma relojoaria onde trabalhava uma amiga minha, dos tempos de colégio. Já fiz compras na relojoaria em questão, portanto, as vendedoras me conhecem. Quem sabe, um atendimento diferenciado. Pior que a tentativa anterior. A moça viu meu relógio, informou-me como nos outros casos, passou o endereço aonde deveria levar o relógio. E só. Nem perguntou se eu queria olhar os relógios. Nada. Parecia estar mais preocupada em arrumar os produtos na vitrine do que tentar executar uma venda. Como de costume, agradeci e fui embora. Ainda existia uma última tentativa: parada 47. Todavia, naquela altura do campeonato, estava ciente que não havia conserto. Vamos ver como será o próximo atendimento.


Meu anel de formatura que uso no dedo esquerdo foi comprado na relojoaria em questão. Entrei confiante. Rapidamente percebi que não havia relógios bonitos; um mais feio que o outro. Após relatar o mesmo que as demais vendedoras e passar o endereço, mostrou-me os relógios. Nada que me agradasse, exceto um da Quiksilver, embora eu achasse muito grande; recomendado para quem gosta de ostentar, o que não é meu caso. Perguntei para vendedora quanto custava e o diferencial do relógio. Mais de mil reais. O diferencial que me assustou: "Tem 5 anos de garantia." Pela loja ou fabricante? Questionei e ela titubeou por alguns instantes, finalmente respondendo que era pelo fabricante. Olhei firme em seus olhos, pensei seriamente em responder, mas percebi que seria inútil. Uma vez mais, agradeci e fui embora. Vamos aos fatos: Conforme o CDC (Código de Defesa do Consumidor) todos os produtos tem garantia de 5 anos pelo fabricante. É lei. E o CDC está na Constituição Federal. A vendedora ofereceu uma garantia que já existe. Desinformada perante assuntos que deveriam ser da sua alçada. Retornei para casa; visitar 4 relojoarias foi o suficiente.


No município de Alvorada existem diversas relojoarias. Visitei 4 em busca de uma solução para o meu problema. Além de não resolver, encontrei vendedoras extremamente despreparadas e sem vontade. Com exceção da Bruna, da parada 46, as demais deixaram a desejar. Recomendaria para as vendedoras estudarem sobre Técnicas de Venda, Técnicas de Posse (esta utilizada mais em vendas de carro), para melhorar seus respectivos desempenhos. Não citei nome das relojoarias que fui, por uma questão de ética e preservamento das envolvidas nesta pequena história. Claro, citei a Bruna, porque foi um exemplo de bom atendimento e dedicação. Caso ela falhasse no atendimento, jamais citaria seu nome. Falta treinamento, qualificação e, acima de tudo, amor pelo trabalho, já que existem milhões de brasileiros desempregados.


CRÍTICAS, ELOGIOS OU SUGESTÕES:

mateuspazz@gmail.com



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