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terça-feira, 7 de abril de 2015
A psiquiatra
É difícil quando temos um problema e não conseguimos resolver. Pior ainda, é ter que buscar ajuda profissional. Especializada. Carrego um problema comigo desde 2012. Eu jurei que havia resolvido tudo, que estava totalmente curado. No entanto, verdade seja dita, jamais resolvi o problema, apenas amenizei e controlei. Eliminar? Não. Decidi buscar ajuda profissional, antes que meu problema chegue num ponto que me faça perder muitas coisas valorosas. A imaginação é livre. Meu problema é incomum, nada tem a ver com drogas, roubos ou qualquer coisa ilícita. Tenho vergonha de relatar, e não pretendo fazer isso. Enfim, qual profissional seria ideal para o meu caso? Psicólogo ou Psiquiatra? A dúvida permaneceu na minha cabeça durante tempos. Meus amigos e amigas do Facebook me deram diversas sugestões, sem jamais questionar o que tenho. Subentendi que era uma grande demonstração de respeito, de carinho e solidariedade com minha opção de me manter em silêncio. Desde então, não escrevi mais minhas historias, tampouco demonstrei meu ponto de vista sobre os diversos acontecimentos cotidianos. Hoje era minha segunda consulta com a psiquiatra. Na primeira já fiquei desconfiado. Veja bem o que me aconteceu na consulta. Saí revoltado do consultório...
Era minha primeira consulta com uma psiquiatra. Eu estava um pouco nervoso e sem jeito para contar meu caso. As 16:40 era o horário da consulta. Cheguei antes e fumei um cigarro. Ao conversar com a moça da recepção, o primeiro susto ao ouvir ela falar no telefone: "Ela já foi embora?". Meu coração acelerou. Então, a moça da recepção disse que ela estava me esperando, que eu seria o último paciente. Indicou o corredor e o número da sala que deveria ir. Ao chegar no local que ela indicou, a psiquiatra estava parada na porta me esperando. Parecia com pressa. Entrei no consultório e me apresentei. Relatei meu problema. Adoraria que ela me questionasse, perguntasse detalhes. Mas não foi assim. Simplesmente disse: "Vamos iniciar o tratamento." Me deu um remédio e disse para tomar toda noite, que deveria retornar em 10 dias. Perguntei se tinha como eu me curar. Ela foi seca. "O processo é lento." Nem disse que remédio era, seus efeitos e qual sua finalidade. Tudo bem. Decidi fazer exatamente o que ela mandou. Na primeira noite passei mal, praticamente desmaiei ao deitar na cama. Na segunda noite, não tomei. Após meus colegas de trabalho chamarem minha atenção, optei tomar sem parar. Os efeitos amenizaram e tudo transcorreu tranquilamente. Se passaram os 10 dias e marquei uma nova consulta. Fiquei triste com o que constatei.
Dessa vez minha consulta era na parte da manhã. Para ser mais exato, às 08:20. "Hoje ela vai conversar comigo, buscará entender o que está acontecendo, as causas. Tudo vai ser diferente", pensava enquanto estava sentado no ônibus. Cheguei antes do horário, me apresentei na recepção, paguei a consulta e fui para o corredor. Haviam mais pessoas naquele corredor, e a maioria perto da sala da psiquiatra. Fiquei tranquilo, afinal, estava antes do meu horário. Abri minha bolsa e puxei um livro. Calmamente comecei a ler, ler, ler... e o tempo passando. Notei que a psiquiatra passou por mim. Rapidamente olhei o relógio. 08:40. Ela estava muito atrasada; 20 minutos para mim, nem quero imaginar quanto tempo estava atrasada em relação aos demais pacientes. Caminhava como estivesse numa passarela; não olhou para ninguém, nem cumprimentou. Não gostei nenhum pouco daquela atitude. Ela chamou o nome de uma mulher que, após entrar no consultório, não demorou 2 minutos e saiu. Estranho. Bom, cada caso é um caso. Chamou outro nome. Novamente a cena se repetiu; em menos de 2 minutos saiu do consultório. Fiquei preocupado. De repente, entre um paciente e outro, eis que chama meu nome. Entrei no consultório, sentei de frente para ela e reparei na camisa que ela usava; rosa pink, da Dudalina. A conversa começou:
- E aí, tomou o remédio?
- Sim.
- Alguma reação?
- No primeiro dia senti muito sono. Fiquei um pouco mal. Depois foi normal.
- Sentiu vontade de fazer alguma coisa?
- Não.
Vi que ela anotou na minha ficha: "Melhoras."
- Bom, então vamos seguir o tratamento. Vou te dar remédio para mais 20 dias, depois tu retorna.
Ela abriu um armário que estava perto, onde havia dezenas de remédios iguais ao que eu estava tomando. Pegou um pacote e me deu. Apertei a mão dela, agradeci e saí do consultório, bufando de raiva, me sentindo um parvo. Prometi não retornar e buscar outro profissional.
Meu caso é psicológico, não preciso de medicamentos, preciso que alguém identifique as origens do meu problema e me ajude a solucionar. Olha só o que a psiquiatra fez: deu um remédio sem nem ao menos me dizer seus efeitos, no que me ajudaria. Obviamente conversei com outra pessoa, que me informou o que eu estava tomando: Antidepressivo. Vou me curar tomando antidepressivo? Ela chegou atrasada no consultório, e não demonstrou nenhuma preocupação. Como vou me tratar com quem não respeita o próprio horário de trabalho, que não se preocupa com seus pacientes? Sou Administrador, prezo a qualidade nos serviços que são prestados. Não pretendo dar continuidade com outra(o) psiquiatra; quero um(a) psicólogo(a). É necessário conversar, abrir meu coração e relatar tudo que me incomoda, como me sinto em determinadas situações; quero aprender como agir e ser mais forte que meus extintos. Estou ciente que vou gastar mais, porém, não me preocupo nem um pouco, desde que tenha retorno meu investimento; é para meu próprio bem. Eu vou lutar, não desistirei da batalha. Não desanimarei diante obstáculos que surgem. Acreditei que uma psiquiatra conversaria comigo...
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