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terça-feira, 2 de setembro de 2014

A primeira viagem



Existem algumas coisas banais que todo mundo já fez. Pode parecer mentira, mas muitas coisas eu nunca fiz. Conversando sobre coisas que nunca fiz, meu colega de trabalho e amigo Douglas me fez um convite. Após muitas risadas, anunciou aos meus colegas presentes: "Vou levar esse guri dar uma volta." Eu estava sorrindo. Eufórico. Quando chegou às 18:00 horas, desliguei meu computador e peguei minha bolsa. Caminhei lentamente junto com o Douglas, que se divertia com aquela situação. Ele marcou minha vida, me levando conhecer um lugar que muitos conhecem. Mas eu não conhecia. Que felicidade ao chegar lá...
O Douglas é mais novo que eu, uma diferença mínima de idade. Ele é negro, estatura média, gordinho (chamo ele de bolo fofo). Sambista, conhecedor da noite, muito simpático e querido por todos. Encontrou seu grande amor, motivo de orgulho. Fala constantemente sobre como trata sua amada e de como é tratado. Sorriso puro e sincero. Um amigo para vida toda. Ele se encantou ao saber que eu nunca havia andado de trem. Esfregou as mãos algumas vezes, olhou-me nos olhos, sorrindo, me convidou, fez questão que eu fosse com ele até o centro de Porto Alegre de trem, afinal, precisava ir à faculdade buscar uma prova. Eu poderia ter dado uma desculpa qualquer e me esquivar, mas considerei importante demonstrar ao colega o quanto estimo sua companhia e não exitei em aceitar o convite prontamente. E lá vamos nós...
Atravessamos a rua e caminhamos em direção à Avenida Farrapos. No caminho conversamos diversos assuntos, desde profissional ao particular. Passamos em frente há uma churrascaria famosa de Porto Alegre: Churrascaria Braseiro. O Douglas falava de como é caro almoçar ali, mostrando os carros estacionados na frente; carros do ano, importados. Rapidamente me lembrei do que aconteceu na churrascaria Laçador e eliminei qualquer possibilidade de almoçar no Braseiro. Cruzamos à Avenida Sertório e chegamos na estação de trem. Inúmeras pessoas atravessavam a roleta. Sinceramente, eu não sabia o que fazer. O Douglas mandou encostar o cartão Tri e passar. Quando passei para o outro lado, um mundo distinto diante meus olhos. As pessoas caminhavam depressa. Ao chegar na escada rolante, havia uma multidão. Então, calmamente me posicionei do lado esquerdo, onde conseguia me segurar e subi. A plataforma tinha uma vista linda...
O trem não demorou muito para chegar. Adorei estar naquele lugar; parecia uma criança olhando tudo ao redor. Quanta emoção. O Douglas me olhava e falava: "E aí, Mateusinho, o que está achando? O governo deveria investir mais nos trens. É um meio de transporte rápido, que não pega nenhum tipo de tranqueira." Concordei com os comentários. Em menos de 10 minutos já estávamos no centro. Desci sem saber o certo para onde ir, apenas acompanhei meu amigo. Muito legal. Show de bola. Passado alguns dias, o Douglas me proporcionou outro prazer. Algo que nunca nem sonhei botar os pés. E, mais uma vez, andei de trem. No retorno andei sozinho. O Douglas é um amigo que jamais esquecerei. Um amigo que conquistou seu espaço no meu coração...

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