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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Adeus, meu amigo




Nunca sabemos quando vamos ver uma pessoa pela última vez. Fiquei sabendo que mataram um amigo meu, motorista da SOUL. O que aconteceu, como mataram, por quê mataram, não sei e dificilmente vou saber. O que importa, é que sempre tratei ele bem. Brincamos, sorrimos, conversamos sério sobre diversos assuntos. Eu dizia que ele era o melhor motorista da SOUL; rápido e preciso: direção defensiva. Apesar disso, acredito que faltou dizer mais coisas. Poderia ter falado que amava ele e do quanto estimava sua amizade, do quanto me sentia bem na sua presença. Infelizmente, não deu tempo. A vida é assim. Eu estou vivo, tem algo para me falar? Já demonstrou sentimentos de gratidão e admiração por alguém ao teu redor? Está esperando o que? Depois não adianta chorar.
As pessoas têm muita dificuldade para falar sobre sentimentos. Algumas conseguem demonstrar através de atitudes; outras, conseguem falar e ter atitudes. É uma variável gigantesca. A maneira que vai demonstrar, pouco importa, desde que faça uma pessoa sentir-se especial, valiosa e única. Sob via de regra, ainda que inconsciente da nossa parte, somos bons em fazer o contrário. Brigamos por opiniões contrárias, por todo tipo de besteiras que se pode imaginar. Somos imperdoáveis, subjugamos que as pessoas devem ser perfeitas, que não podem falhar. A nossa capacidade de perdoar é muito pequena. No decorrer da vida, quantas amizades deixamos acabar, devido ao nosso orgulho ser mais forte? Inúmeras. Quantas amizades elogiamos, agradecemos pela presença? Poucas. Quase nenhuma. Percebe o que estou tentando dizer? Só valorizamos as pessoas, depois que morrem. Factício. As pessoas se tornam exemplos de vida, de superação, após à morte. Antes, ninguém presta atenção nos seus feitos, na sua filosofia de vida. Até mesmo os políticos, depois de mortos, são considerados grandes lideranças; enquanto estão vivos, chamados de corruptos e que não servem a população. Quando encontramos pessoas especiais, que nos fazem bem, precisamos abrir nossos corações e falar, sem medo, dos nossos sentimentos de gratidão e admiração. Às vezes, por medo, por não conseguir expressar de forma correta, nos retraímos e acabamos aguardando outra oportunidade. Só que, se não falar hoje, amanhã pode ser tarde; a morte não escolhe hora, dia, mês ou ano: ela simplesmente acontece, independente de ser pobre, rico, bonito ou feio. Temos que ter coragem e abrir o coração, antes que seja tarde e o arrependimento tome conta.
Quem não gosta de se sentir especial e único? Todos gostam. Mas quantas pessoas tu faz se sentirem especiais e únicas? Tem medo da reação, né? Se elogiar o sexo oposto, vai parecer que está querendo algo além da amizade; se elogiar alguém do mesmo sexo, pode ser mal interpretado. É difícil demonstrar sentimentos de gratidão e admiração. Todavia está longe de ser impossível, uma tarefa para poucos seres humanos. Não, claro que não. Fali o que sente, sem medo de ser feliz. Ou prefere ficar com um peso na consciência? "Por que eu não falei o quanto amava, o quanto era importante na minha vida?" A espera para demonstrar sentimentos pode custar um preço muito alto. Não perca tempo, demonstre agora, o quão valoriza uma amizade. Escreve no Facebook; manda uma mensagem in-box; mande uma mensagem de voz no Whatsap; escreva um email; faça uma ligação... Nossa, existem tantas maneiras. É uma pena que não sabemos demonstrar, apenas criticar e fazer inimizades. Queremos ser especiais e únicos, mas incapazes de fazer outras pessoas se sentirem exclusivas em nosso coração. Quando as pessoas choram num velório, além da tristeza, a dor profunda, é a certeza que faltou dizer alguma coisa.
A morte é o fator principal que nos inibe de demonstrar sentimentos. Contudo, outros fatores podem acontecem no decorrer da vida: pessoas que perdemos contatos; pessoas que casam e se mudam, trocam de Estado, país, tornando a possibilidade de conversar ao vivo, praticamente nula. Tenho um amigo que está em SC, o Daniel; vulgo Tá na Mira. Ainda não consegui falar para ele sobre os sentimentos de gratidão e admiração que tenho. Quantas encrencas ele me livrou, quantas festas, jogos de futebol, risadas à toa, passeios loucos e inesquecíveis. Graças a Deus que ele está vivo e bem, e seus pais ainda moram em Alvorada; possivelmente vou reencontrá-lo e poder abrir o coração. Cito ele como um dos meus amigos, entre tantos outros que tenho algo para dizer. Não quero perder tempo. Por isso as pessoas ao meu redor tem dificuldades para me entender. Por que converso tanto, faço perguntas e dou risadas? Porque nunca sei quando vou ver alguém pela última vez. Caso desapareçam da minha vida, fico ciente que fiz minha parte. Faça também, enquanto tem chance. O luiz partiu e não pude agradecer por sua amizade. Espero que ele esteja em paz, nos braços do senhor. Adeus, meu amigo.


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