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segunda-feira, 20 de abril de 2015

O pior vendedor


Sexta-feira 17 de abril de 2015



Eu saí mais cedo do serviço porque queria muito ir ao centro comprar um livro. Às 16:00 horas eu estava descendo do ônibus e caminhando em direção à rua Andradas. Havia uma grande movimentação de pessoas. Parei na esquina e olhei para o lado esquerdo; avistei uma loja da Claro. Tentador, tendo em vista que precisava comprar um chip virgem para recuperar meu número. Analisei rapidamente e subjuguei que não seria necessário, já que estou sem celular. Melhor comprar o celular primeiro, depois o chip. Segui caminhando, mais alguns metros e estaria na livraria Saraiva. Olhei os livros na vitrine; não vi nada que chamasse minha atenção. Decidi entrar e procurar por tútulos interessantes. O primeiro livre que peguei na mão, falava sobre como a revista Playboy fortaleceu seu Marketing em tempos difíceis. "Nos bastidores da Playboy", era o título do livro. Queria ler uma historia, algo que ativasse minha imaginação. Andei pela livraria e olhei muitos títulos, mas nenhum me agradava o bastante para comprar. Retornei a pratilheira e peguei o livro sobre Marketing, no entanto, algo me fez desistir e sair da livraria. Era muito cedo, minha aula estava longe de começar, então, pensei que seria saudável passear um pouco. Talvez, poderia ir no Correio do Povo e tentar conversar com meu amigo. Outra ideia frustrada, já que ele é diretor e deveria estar repleto de demandas. Bom, quero comprar uma camisa da Vitorino e um terno, seria interessante pesquisar preços. Não... Eu vou na loja que sempre compro, onde agora conheço um vendedor, indicação do Éder. Eu cheguei na frente da loja e encontrei dois vendedores na porta. Um eu conhecia, mas foi o outro que pulou na frente para me atender. Queria ver quais eram suas técnicas. Que decepção...
Entrei na loja e o vendedor entrou junto comigo. Moreno escuro, semblante desgastado, com o cabelo um pouco comprido. Aparentava ter mais de 40 anos. Bem mais. De cara olhei as camisas, uma mais bela que a outra, diga-se de passagem. O vendedor se posicionou do meu lado. Não gosto de enrolar vendedores, portanto, decidi ser sincero.

- Olha só, estou olhando umas camisas, porque pretendo comprar mês que vem uma camisa e um terno. Quanto custa as camisas?

A resposta dele foi seca, direto ao ponto. Nenhum vendedor jamais me disse algo parecido. Era nítido que ele não queria mais me atender.

- Então, quando estiver com dinheiro tu volta. Não vale à pena te mostrar nada, porque estamos sempre recebendo mercadorias novas. O que te mostrar hoje, pode ser que mês que vem nem tenha mais.

Eu não sabia o que fazer, nem como agir. Perguntei sobre os ternos. Lentamente me levou para os fundos da loja e me mostrou uma série de ternos. O preço era entre R$ 700,00 e R$ 900,00. Um recado claro: "Tu não têm condições de comprar. Vá embora." Agradeci o atendimento, virei as costas e saí. Na porta, o vendedor que eu quero comprar, me reconheceu e me cumprimentou. Sorriu. Conversei um pouco, disfarcei, me despedi e segui meu rumo. Após aquele tratamento, queria muito tomar um café, e foi exatamente o que fiz. Fiquei sentado numa lancheria, pensando no que aconteceu. Tudo bem, faz parte. Andei mais um pouco pelo centro e a noite caiu; hora de ir para faculdade. No caminho, fiz questão de passar em frente a loja. Meu vendedor estava parado, quase no meio da rua. Parei e contei para ele o que havia acontecido na minha primeira passagem por ali. Disse para não esquentar a cabeça. Mostrou-me na vitrine ternos mais baratos e de qualidade (em torno de R$ 300,00). Ainda me apontou uma pessoa e perguntou se eu conhecia. Era o senhor Alex, pai do Éder. Sim, claro que conheço; ele é vendedor em outra loja, e só compro com ele. Agradeci meu vendedor e parti para faculdade. Ratifiquei que voltaria mês que vem para comprar com ele.
Quando se é vendedor é preciso saber prospectar clientes. Qualquer pessoa que entre numa loja, certamente tem um cartão de crédito. Eu tinha. Se ele tentasse, pelo menos tentasse aplicar alguma técnica, talvez eu compraria. Por que não? Não posso dizer que compraria o terno, mas estava habilitado a comprar uma camisa da Vitorino, e estou ciente do preço. Bastava conversar um pouco, ser gentil... Mas não, ele fez justamente o contrário. Quem sabe teve um dia ruim de vendas, e decidiu descontar em mim. Nunca havia passado por tal situação. Triste. Os vendedores são frequentemente testados, porém, poucos vendedores conseguem reverter e executar uma venda. Não tenho dúvida: o pior vendedor do mundo. Não relato o nome da loja, nem do vendedor que quero comprar, tudo para preservar os envolvidos e a loja em questão...


terça-feira, 7 de abril de 2015

A psiquiatra



É difícil quando temos um problema e não conseguimos resolver. Pior ainda, é ter que buscar ajuda profissional. Especializada. Carrego um problema comigo desde 2012. Eu jurei que havia resolvido tudo, que estava totalmente curado. No entanto, verdade seja dita, jamais resolvi o problema, apenas amenizei e controlei. Eliminar? Não. Decidi buscar ajuda profissional, antes que meu problema chegue num ponto que me faça perder muitas coisas valorosas. A imaginação é livre. Meu problema é incomum, nada tem a ver com drogas, roubos ou qualquer coisa ilícita. Tenho vergonha de relatar, e não pretendo fazer isso. Enfim, qual profissional seria ideal para o meu caso? Psicólogo ou Psiquiatra? A dúvida permaneceu na minha cabeça durante tempos. Meus amigos e amigas do Facebook me deram diversas sugestões, sem jamais questionar o que tenho. Subentendi que era uma grande demonstração de respeito, de carinho e solidariedade com minha opção de me manter em silêncio. Desde então, não escrevi mais minhas historias, tampouco demonstrei meu ponto de vista sobre os diversos acontecimentos cotidianos. Hoje era minha segunda consulta com a psiquiatra. Na primeira já fiquei desconfiado. Veja bem o que me aconteceu na consulta. Saí revoltado do consultório...
Era minha primeira consulta com uma psiquiatra. Eu estava um pouco nervoso e sem jeito para contar meu caso. As 16:40 era o horário da consulta. Cheguei antes e fumei um cigarro. Ao conversar com a moça da recepção, o primeiro susto ao ouvir ela falar no telefone: "Ela já foi embora?". Meu coração acelerou. Então, a moça da recepção disse que ela estava me esperando, que eu seria o último paciente. Indicou o corredor e o número da sala que deveria ir. Ao chegar no local que ela indicou, a psiquiatra estava parada na porta me esperando. Parecia com pressa. Entrei no consultório e me apresentei. Relatei meu problema. Adoraria que ela me questionasse, perguntasse detalhes. Mas não foi assim. Simplesmente disse: "Vamos iniciar o tratamento." Me deu um remédio e disse para tomar toda noite, que deveria retornar em 10 dias. Perguntei se tinha como eu me curar. Ela foi seca. "O processo é lento." Nem disse que remédio era, seus efeitos e qual sua finalidade. Tudo bem. Decidi fazer exatamente o que ela mandou. Na primeira noite passei mal, praticamente desmaiei ao deitar na cama. Na segunda noite, não tomei. Após meus colegas de trabalho chamarem minha atenção, optei tomar sem parar. Os efeitos amenizaram e tudo transcorreu tranquilamente. Se passaram os 10 dias e marquei uma nova consulta. Fiquei triste com o que constatei.
Dessa vez minha consulta era na parte da manhã. Para ser mais exato, às 08:20. "Hoje ela vai conversar comigo, buscará entender o que está acontecendo, as causas. Tudo vai ser diferente", pensava enquanto estava sentado no ônibus. Cheguei antes do horário, me apresentei na recepção, paguei a consulta e fui para o corredor. Haviam mais pessoas naquele corredor, e a maioria perto da sala da psiquiatra. Fiquei tranquilo, afinal, estava antes do meu horário. Abri minha bolsa e puxei um livro. Calmamente comecei a ler, ler, ler... e o tempo passando. Notei que a psiquiatra passou por mim. Rapidamente olhei o relógio. 08:40. Ela estava muito atrasada; 20 minutos para mim, nem quero imaginar quanto tempo estava atrasada em relação aos demais pacientes. Caminhava como estivesse numa passarela; não olhou para ninguém, nem cumprimentou. Não gostei nenhum pouco daquela atitude. Ela chamou o nome de uma mulher que, após entrar no consultório, não demorou 2 minutos e saiu. Estranho. Bom, cada caso é um caso. Chamou outro nome. Novamente a cena se repetiu; em menos de 2 minutos saiu do consultório. Fiquei preocupado. De repente, entre um paciente e outro, eis que chama meu nome. Entrei no consultório, sentei de frente para ela e reparei na camisa que ela usava; rosa pink, da Dudalina. A conversa começou:
- E aí, tomou o remédio?
- Sim.
- Alguma reação?
- No primeiro dia senti muito sono. Fiquei um pouco mal. Depois foi normal.
- Sentiu vontade de fazer alguma coisa?
- Não.
Vi que ela anotou na minha ficha: "Melhoras."
- Bom, então vamos seguir o tratamento. Vou te dar remédio para mais 20 dias, depois tu retorna.

Ela abriu um armário que estava perto, onde havia dezenas de remédios iguais ao que eu estava tomando. Pegou um pacote e me deu. Apertei a mão dela, agradeci e saí do consultório, bufando de raiva, me sentindo um parvo. Prometi não retornar e buscar outro profissional.
Meu caso é psicológico, não preciso de medicamentos, preciso que alguém identifique as origens do meu problema e me ajude a solucionar. Olha só o que a psiquiatra fez: deu um remédio sem nem ao menos me dizer seus efeitos, no que me ajudaria. Obviamente conversei com outra pessoa, que me informou o que eu estava tomando: Antidepressivo. Vou me curar tomando antidepressivo? Ela chegou atrasada no consultório, e não demonstrou nenhuma preocupação. Como vou me tratar com quem não respeita o próprio horário de trabalho, que não se preocupa com seus pacientes? Sou Administrador, prezo a qualidade nos serviços que são prestados. Não pretendo dar continuidade com outra(o) psiquiatra; quero um(a) psicólogo(a). É necessário conversar, abrir meu coração e relatar tudo que me incomoda, como me sinto em determinadas situações; quero aprender como agir e ser mais forte que meus extintos. Estou ciente que vou gastar mais, porém, não me preocupo nem um pouco, desde que tenha retorno meu investimento; é para meu próprio bem. Eu vou lutar, não desistirei da batalha. Não desanimarei diante obstáculos que surgem. Acreditei que uma psiquiatra conversaria comigo...