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sábado, 21 de julho de 2018

Woods




A turma da minha namorada decidiu fazer uma festa para os 100 dias dos formandos. Conseguiram entradas para uma das melhores festas de Porto Alegre (se não for a melhor), a Woods. Quando minha namorada me informou, fiquei um tanto assustado. Primeiro, porque não sei me vestir para festas de tal calibre; segundo, porque custa caro. Ela buscou me acalmar, explicando que tinham conseguido meia entrada. Raramente digo não para Camila, e sei que o momento é mega importante para ela. O processo era simples: Os cards seriam vendidos a 10 reais. Apresentando o card pagaria 25 reais; sem o card, 50 reais. Convidamos um casal de amigos. Na festa estaria a produtora, tirando fotos e filmando os formandos e seus convidados. Com que roupa devo ir? Simples, mas sem perder a elegância: calça jeans, sapato bico fino, camisa bordo e blazer. Certo que não é uma roupa para "curtir" funk, porém é meu estilo e não abro mão.
A festa estava programada para começar às 23 horas. Eu não sabia nada do que poderia acontecer.  Estava ciente que teria um show de um tal de MC Dedé, que nunca ouvi falar. Em nome do meu amor aguentaria uma noite de funk.  Em compensação, conheceria a Woods. Para chegarmos lá, contratei um amigo/vizinho que trabalha na Uber e cobrou um valor dentro do orçamento previsto. Além disso, no caminho, ficou falando sobre o bairro Boa Vista e das pessoas que ali moravam. A massa era formada por empresários e outras tantas pessoas importantes. Chegamos na Woods! Ao descer do carro, olhar aquelas pessoas, a atmosfera do ambiente externo, não demorou muito para ficar vislumbrado. Peguei a mão da Camila e caminhamos em direção as suas colegas que estavam na fila. A partir de então, comecei a analisar tudo que poderia, cada acontecimento: as roupas, as decorações, os seguranças, os processos de entrada e saída, as pessoas. Como imaginei, a festa não começou às 23:00. Demorou mais de 30 minutos para entrarmos. Quando o segurança me revistou, já reparei num processo que não conhecia. Ao entrar imaginei que ouviria muito funk. Estava extremamente errado, o que alegrou minha noite. Escreverei o que vivenciei na Woods. Adorei.

Do outro lado da rua tem um posto de combustíveis. Um posto muito lindo, com uma loja de conveniência acima dos padrões. Do lado, uma farmácia e outros comércios. Avisei a Camila que queria ir ao banheiro e fui à loja de conveniência. Retornando, fiquei feliz ao analisar os homens da festa: a maioria usava jeans, sapato e camisa social. Já acertei no figurino. Perfeito! As mulheres me surpreenderam. Sexta-feira, 13 de julho, estava frio. Entretanto, as mulheres usavam saias, vestidos e até shorts. "Tu deverias ter vindo de saia", comentei com a Camila, que estava linda e elegante, de calça jeans, uma blusa, um casaquinho e salto alto (que não era tão alto).
Os seguranças usavam ternos pretos e camisas da mesma cor. Elegantes. De repente, um colega da Camila argumentou alguma coisa com o segurança. Ele ficou de verificar. No seu retorno, falou que os formandos entrariam pela fila dos camarotes, junto aos seus acompanhantes. Os demais convidados entrariam pela fila normal. Porém, uma colega da Camila reservou um camarote para ela e seus convidados. A fila estava cheia de amigos e amigas dela; bem mais que os formandos. E eu ali, observando tudo ao meu redor e aguardando o momento de entrar e conhecer o ambiente. Então, o segurança liberou a entrada.
Ao me revistar, ele pergunta se tenho uma carteira de cigarro aberta; provavelmente viu eu fumando fora da fila. Respondi que tinha uma aberta e outra fechada. Pediu para ver. Ele olhou atentamente; abriu a carteira de cigarro para ver se tinha algo dentro. Depois, somente analisou a fechada e deixou eu seguir em frente. Avistei o Gustavo e a Pâmela entrando pela outra fila. Caminhei e avistei de longe um balcão, com computadores e recepcionistas. Fui para fila normal, enquanto a Camila ficou na fila dos formandos. A recepcionistas era gentil e direta ao ponto. Entreguei minha identidade e o card que concederia o desconto. Ela me cadastrou no sistema, pegou meu número e entregou um cartão magnético; a consumação. Ao me virar, notei uma escadaria e nela estava um segurança. Acho que seria a entrada para os camarotes. Nós subiríamos as escadas ou atravessaríamos uma porta giratória que tinha logo a frente? Aguardei a Camila junto com o Gustavo e a Pâmela. Não demorou muito para Camila chegar. Ela entregou sua consumação para mim e pediu para eu guardar; estava cinte que, se perdesse, poderia gerar um problema desnecessário e resolvi colocar dentro da carteira.
Peguei a mão da Camila, o Gustavo pegou a mão da Pâmela e nos encaminhamos para porta giratória, conforme orientação de um segurança; a produtora já estava aguardando num lugar reservado. Assim que atravessamos a porta giratória, do lado esquerdo na parede, havia uma espécie de pôster bem grande. Ou melhor, um plano de fundo para as pessoas tirar fotos. Pensei seriamente na possibilidade de parar e tirar uma foto, mas julguei desnecessário e segui em frente. Chegando no salão lembrei imediatamente da minha adolescência, quando saia de noite com meus amigos e minhas amigas. Aquele salão me remetia para os tempos de União, em Alvorada. A diferença é que o União é maior, e tinha duas pistas de dança. Ali, só havia uma. Agora poderia analisar a festa em si, e claro, curtir bastante.

O primeiro passo foi encontrar a produtora. Não foi difícil; estava do lado direito de quem entra, próximo a chapelaria. Havia um pequeno camarote, que, pelo que entendi, o acesso era livre; talvez, somente talvez, por isso os formandos entraram antes. As colegas da Camila começaram a tirar fotos. Eu sentei e aguardei. Enquanto isso, o Gustavo e a Pâmela estavam do outro lado, pegando uma bebida. A Camila e eu tiramos uma foto. Eu gosto de tirar foto beijando. Perguntei para fotógrafa se podia tirar foto beijando. Ela aprovou e já beijei meu amor. Então, a Camila pediu para que chamasse o Gustavo e a Pâmela para tirar foto com ela. Atravessei o salão e fui lá chamar eles. Nós três posamos para as fotos, com a finalidade de marcar aquele momento especial. Enquanto isso, a música tocava de forma alucinante. Músicas antigas com batidas atuais; músicas atuais com batidas alucinantes. Eu estava eufórico. Peguei o celular e comecei a tirar fotos e filmar. Meu grande problema surgiu: não sabia postar mais de uma historia no Instagram. Que desespero! Minha comunicação nunca me deixa na mão, alinhada ao meu poder de observação.
Fomos para pista e começamos a dançar. Nem parecia que a Camila e eu namoramos a quase 7 anos. Fiquei agarrado e beijando muito. Conforme o tempo passava, a festa enchia cada vez mais. Em determinado momento chamaram os formandos para mais uma sessão de fotos e um brinde; só os formandos. Fiquei dançando com o casal de amigos, tirando fotos. De repente, notei que uma colega da Camila estava com um Iphone tirando fotos e postando no Instagram. Não pensei duas vezes, chamei ela e me apresentei. Perguntei como poderia postar historias no Instagram, argumentei que só sabia postar uma. Devido ao som alto, ela não me entendeu. Imediatamente tirei o meu Iphone do bolso e mostrei para ela; em menos de 10 segundos ela entendeu e já estava me explicando como fazer. "Sou muito burro", pensei. Tem o ícone de uma câmera bem em cima, era só clicar ali. Agradeci e fiquei tirando fotos e filmando; até me arrisquei entrar ao vivo, mas não gostei e apaguei. Passaram-se uns 15 minutos e a Camila retornou. Ficamos dançando e, lógico, beijando muito. Aquelas músicas estavam demais.
Um garoto passou por mim e me empurrou, fui para cima da Camila. Alto, magro, vestia um moletom cinza. Não gostei. Mas vi que ele logo se posicionou para tirar uma foto com seus amigos. Talvez, na pressa de tirar foto, acabou me empurrando. Para sorte dele sou mais velho, tranquilo. Senão, certamente quebraria a cara dele. Sentiria a fúria de um deficiente. Apanharia de um homem que só mexe um braço; seria constrangedor para ele (risos). O que importa é a festa, sem essa de confusão por besteira; e nem tenho condições de suportar uma briga. E a festa estava ótima. Muita gente bonita; homens e mulheres. Um detalhe saltava os olhos: mais mulheres do que homens. Elas dominavam a festa. Só mais uma observação entre tantas, porque só queria curtir a festa com meu amor e mais nada.

E o funk começou. Até que era um funk diferente, que agitava a festa e tinha umas batidas muito legais. Mas funk sempre é funk. Olhei o relógio: quase 03:00 da manhã. "Vamos embora", conversei com a Camila e o casal de amigos. Quando nos encaminhamos para saída, a Pâmela lembrou que tinha deixado seu casaco na chapelaria e entrou na fila para pegar. Enquanto isso, a Camila e eu esperávamos um pouco afastados da fila.
Tinha uma menina alta, com uma saia bem curta, encostada na parede que servia de plano de fundo para fotos. Daí, apareceu um garoto, conversou um pouco e beijou. Ele encostado na parede. Que beijo. Estava preocupado com o que poderia acontecer, entretanto, outra cena perto do banheiro das mulheres estava acontecendo que chamou minha atenção. É uma estratégia muito velha (eu nunca usei, mas já vi muitos homens fazendo). É simples e idiota. O homem fica parado perto do banheiro das mulheres, quando elas saem, eles pegam na mão (às vezes vão além da mão) na expectativa de conseguir um beijo. "Ela fez xixi, agora é tudo mais fácil", é o que devem pensar. Não existe lógica nessa estratégia. E os seguranças chegaram; o rapaz estava cambaleando de bêbado. Tentou argumentar alguma coisa. O segurança se irritou e ordenou que saísse, dando um soco na costela do rapaz; doeu em mim. Foi um soco discreto que poucas pessoas notaram. Os amigos do rapaz chegaram, conversaram com o segurança e se afastaram, junto com seu amigo. Não demorou 5 minutos e já havia outro rapaz perto do banheiro das mulheres, usando a mesma estratégia. Com certeza alguma mulher reclamaria com o segurança e tudo recomeça.
Quando o casal retornou, a Pâmela com seu casaco, passamos pela porta giratória em direção à saída. O Gustavo e eu fomos para fila pagar as consumações; muitas pessoas estavam indo embora. Assim que saímos para rua, olhamos o movimento e mais pessoas estavam prestes a entrar; muitas pessoas. E a maioria, mulheres. Fomos para o posto pegar o carro do Gustavo. A festa tinha acabado para nós. Uma experiência incrível.

Resumo sobre a Woods: Uma festa sensacional, com pessoas bonitas e um ambiente maravilhoso. A organização dispensa comentários. Uma administração perfeita, processos simples e eficientes. A Woods fica localiza num bairro nobre, portanto, para curtir a festa é preciso estar ciente que vai gastar um dinheiro considerável. Eu não bebo (raramente), a Camila e o Gustavo também não. A Pâmela bebeu uma caipira. Não sei dizer o preço das bebidas, mas sei que a caipira é 20 reais, uma garrafa de água é 10 reais. Os "famosos Kit" devem ultrapassar 300 reais; o camarote superior deve ser 100 reais ou mais. Se uma água é 10 reais, uma cerveja deve ser 20 ou 25. Não sei dizer exatamente e não quero chutar, apenas uma lógica, que pode variar para mais ou menos. Se for na Woods com muitos amigos e muitas amigas, se todos dividirem, vai sair barato e podem amanhecer bebendo e dançando. Conheci a Woods num dia de Show de Funk. Se tivéssemos ido uma semana antes, poderíamos curtir o show dos Inimigos da Hp; grupo de pagode que gosto. Também têm shows sertanejos. Não tenho dúvida que nesses eventos tudo é mais caro. A oferta aumenta para controlar a demanda. Normal! Se eu recomendo? Com certeza. Se não é a melhor festa de Porto Alegre, deve estar entre as 3 melhores. De acordo com meu ponto de vista e analise, acho difícil uma festa ter tanta organização. Parabéns aos Administradores.


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Na saída.


Beijos no meu amor!





Uma música sensacional.




segunda-feira, 9 de julho de 2018

Passeando em Canoas




Minha namorada precisava fazer um book fotográfico para sua formatura, na produtora ST, localizada em Canoas. Logicamente que me convidou para ir junto, e eu sabia o quanto era importante para ela. Dia 04 de julho, às 15 horas. Não conheço Canoas e seus detalhes, suas avenidas e ruas, mas acredito piamente na minha comunicação. Desta vez não seria diferente. O que poderia acontecer de errado? Nada poderia impedir nossa trajetória.
No horário combinado, peguei o ônibus e fui ao centro de Porto Alegre. A Camila estaria lá, me aguardando para almoçarmos e irmos à estação, pegar o trem rumo à Canoas. Até aquele momento, apenas um casal almoçando e conversando. Conta paga. Agora, era questão de seguir nosso destino. De mãos dadas, sorrindo e brincando um com o outro, chegamos na estação. Da estação em diante uma série de situações se iniciariam. Houve um momento engraçados, logo após passarmos a catraca. Achei estranho a reação do rapaz. Sinceramente, me pareceu muito idiota tal atitude.
O pior estava reservado para Canoas. Jamais pensei que poderia acontecer comigo. A Camila dava altas risadas. Quem não conhece, jamais saberia o significado. Eu namoro faz 7 anos, sei perfeitamente o que significa as risadas dela em excesso. Canoas me surpreendeu. A produtora ST também acabou me surpreendendo.

Estávamos bem adiantados. Ao atravessarmos a roleta e caminharmos em direção à plataforma, avistamos um casal. O rapaz branco, alto, com sua namorada (talvez mulher). Uma loira de estatura baixa. O rapaz foi mexer no bolso e deixou cair uma moeda. Conversou rapidamente com sua companheira e seguiram caminhando. Segurei firme a mão da Camila, caminhei rápido e peguei a moeda do chão, uma moeda de 0,25 centavos. Tentamos alcançar o casal para devolver a moeda, o que não foi possível. Precisamos subir a escada rolante e chegar a plataforma. Então, ao nos aproximarmos do rapaz, a situação ficou estranha. O rapaz muito bonito. Os olhos verdes água, bem claro, seguido de um rosto angelical. Sua namorada também, olhos claros lindos, mas não tinha tanta beleza quanto ele. Tentei entregar a moeda.

- Moço, deixou cair uma moeda.
- Esta moeda não é minha.
- Mas eu vi cair do teu bolso. Estou devolvendo.
- Não é minha. Mesmo que fosse, pode pegar para ti.
- Então, é tua, só quero devolver.
- Não, não (risos). Não é minha.
- Tudo bem, então.

Peguei a mão da Camila e nos afastamos. "Queria ver se fosse uma nota de 100 reais, duvido que ele não ia querer", comentou a Camila. Sei lá o porquê ele negou. Talvez seja uma tradição de família, tipo: se cair uma moeda tua no chão não pegue, pois dá azar. Nem me concentrei na negativa do rapaz. Queria apenas curtir a viagem, minha namorada. Ansiedade por chegar na produtora e tirar fotos. Seria legal, divertido. Porém, ao descermos na Estação Canoas, as confusões começaram. E a Camila dava risada. Nem sempre é um sinal positivo as risadas do meu amor.

As informações que a produtora passou para Camila eram objetivas: descer na Estação Canoas, chegar ao centro, dobrar a esquerda, caminhar até uma passarela de madeira e encontrar uma churrasqueira; a produtora estaria perto. Muito simples, contudo a estação tem duas direções, e o centro é gigante. Atravessamos a roleta e caminhamos para esquerda. Quando estávamos descendo, parei e questionei a Camila. "Será que o centro não é para o outro lado? Vamos perguntar para aquelas meninas". Elas apontaram para direita. Então, descemos e chegamos no centro. Muitos ônibus e comércio dos dois lados. Tinha duas senhoras perto de um carrinho de pipoca. Perguntamos para elas se conheciam o endereço: Av. Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, 22. Elas disseram que não conheciam e indicaram o fiscal de ônibus, que com certeza saberia nos informar.
E ele explicou. Disse que estávamos longe, que seria necessário pegar um ônibus. "Eu sei que é longe, mas disseram que era só caminhar. É perto de uma churrascaria", argumentava a Camila. O fiscal pareceu recordar. Falou de uma churrascaria chamada Passoquinha. Disse que precisávamos retornar para estação e atravessar para o outro lado.
Peguei a mão da Camila e retornamos, conversando e dando leves risadas. Ao chegarmos do outro lado, avistamos dois táxis amarelos, parados, numa espécie de praça. Acreditei que seria importante perguntar para um taxista o endereço. Qual foi nossa surpresa? O taxista conhecia o endereço. Orientou que retornássemos para o outro lado. Agradeci e retornamos. A Camila sorria, dava altas risadas. Quando faz isso, é porque está nervosa. E sobra para mim. Entre uma risada e outra, ela me xingava. Paramos no meio do caminho, e decidi retornar e descer aquela rua. Quem sabe, a gente avistava uma churrascaria. Voltamos, passamos pelo taxista de forma discreta, e encontramos um CFC. Novamente pedimos informação. O taxista estava certo, precisávamos atravessar para o outro lado. Retornamos. A Camila dava risada, chamava minha atenção, mais risadas... Quase apanhei.
Chegamos do outro lado, o centro (descobrimos depois que era o centro) e a Camila não queria nem olhar o fiscal de ônibus. Dobramos a esquerda e entramos numa loja de langerie; pedir mais informações. A moça disse que não sabia, mas o dono da padaria que havia na esquina trabalhava no mesmo local há mais de 30 anos. A Camila entrou na padaria e conversou com o proprietário que, de fato, nos mostrou um caminho: seguir em frente até a BR, que haveria taxistas para nos indicar melhor. Chegando lá, falamos com um policial.

"Dobra a direita, sobe, depois dobra a esquerda. Vão avistar a passarela e a churrascaria Passoquinha", disse o policial. Tínhamos 20 minutos para chegar na produtora. Seguimos as orientações e encontramos a tal passarela de madeira. Atravessamos a passarela. Chegamos numa rua estranha. Uma descida. Na esquina estava a tal churrascaria do Passoquinha. "Finalmente vamos chegar na produtora", pensei. Caminhamos. Nada. Olhamos para a direita e avistamos uma ferragem. E lá vamos nós, perguntar novamente. O dono falou que estávamos perto. Que era só dobrar na esquina, subir a rua que encontraríamos o endereço. Meu Deus! Finalmente encontramos a avenida. Ela estava num cruzamento. Dobramos a direita e olhamos os números; quanto mais descia, aumentava os números. Decidimos voltar e caminhar na direção oposta, atravessando a rua.
Tinha uma praça vazia e um terreno baldio. "Esta rua não tem cara que tem uma produtora", comentei com a Camila, que seguia rindo e xingando. Eu tentava acalmar ela. Encontramos um morador, perguntei onde era o número 22, e se ele conhecia a produtora ST. "Acho que tem uma produtora, do outro lado", foram as palavras daquele senhor. Que loucura. Olhei para o relógio, enquanto caminhava de volta. "Para de olhar esse relógio. Está me irritando". Olhei para ela e respondi: "Calma amor, tudo vai dar certo". Busquei descontrair o clima.
De repente, ao atravessar a avenida, observei um prédio. Ali, no portão, estava escrito "Produtora ST", mas era bem pequeno. "Quem é o gestor de Marketing? Não poderia cuidar do Marketing Visual?", pensei e quase falei. O importante é que estávamos na produtora, exatamente às 15 horas. Nos encaminhamos para a recepção. Se imaginasse que a produtora atua de tal maneira, certamente teria fechado contrato para minha formatura de 2017.

As recepcionistas foram gentis com a nossa chegada e iniciaram o primeiro processo: nome, telefone, endereço e horário marcado para as fotos. Enquanto a Camila falava, observei atentamente os detalhes. Do lado da recepção, havia uma parede de vidro e 5 computadores. Visivelmente era onde editavam as imagens. Também tinha poltronas confortáveis para sentar. Depois de confirmado os dados, a recepcionista pediu que aguardássemos na sala de espera. Nos indicou um corredor. Ao chegar no final do corredor, fiquei boquiaberto. Trava-se de uma cafeteria toda decorada. Mesas redondas e cadeiras. Um balcão grande, com uma atendente. Na parede a esquerda de quem entra, uma parede de tijolos, uma série de máquinas fotográficas e câmeras de filmagem antigas, expostas dentro da parede e coberta por um vidro. Quadros e outros aparelhos; E uma televisão grande, ligada num canal esportivo. Abaixo, uma pequena lareira, que aquecia o ambiente e tornava tudo mais bonito. Um ambiente retrô. A decoração transmitia tranquilidade e confiabilidade nos serviços ofertados.
A maquiadora chamou a Camila. Enquanto ela se maquiava, comprei um café e tomei, assistindo os comentários esportivos. Assim que a Camila retornou, tirei minha jaqueta e tiramos umas fotos do celular dela. Eu estava com minha camisa azul social e ela com uma camisa vermelha. Mal tiramos as selfies e chamaram para as fotos individuais. Naquele momento, uma colega da Camila estava na espera, junto de seu marido e filha. Enquanto ela tirava as fotos, conversei com o casal, brinquei com a criança. Depois acabei saindo para rua, fumar um cigarro. Quando retornei, a colega da Camila já tinha ido se maquiar e seu marido estava tomando um café, com a menina no colo. Sentei do lado dele e puxei assunto sobre a Copa do Mundo. Passados uns 10 minutos, uma moça surgiu na sala e fez uma chamada inusitada.

"O marido da Camila para tirar fotos". Subi de cargo e nem sabia. Sorri e caminhei ao lado da moça, que me levou até onde estava a Camila. Chegando lá, a fotógrafa foi muito simpática, querida, nos deixando a vontade. Achei um tanto engraçado. A fotógrafa ficava instruindo a gente: bota a mãe ali, pega isso, olho nos olhos, beija, senta, levanta... Comentei: "Não sei por que quis ser Administrador. Deveria ser modelo...", muitas risadas. Após a sessão de fotos, nos solicitaram que aguardássemos um pouco na cafeteria, que em breve chamariam para escolher as fotos para formatura que vão aparecer no telão.
Levou alguns minutos e chamaram a Camila. Nos despedimos da sua colega e fomos para sala que fica ao lado da recepção. Como desconfiava, realmente era aonde as fotos eram tratadas. A Camila escolheu as fotos. Conversaram valores para um outro pacote que não está no contrato. Nos levantamos e caminhamos rumo à saída. Agora a gente sabia o caminho de volta para estação. Na verdade, até me perdi de novo, mas estávamos no centro de Canoas, e qualquer pessoa poderia dizer onde fica a estação. Sobre a produtora ST? Recomendo. Ambiente lindo. Pessoas cientes do processo; todos com a mesma informação. É a melhor produtora que conheço. Conversamos bastante no caminho. Ao pegarmos o ônibus de volta para casa, encontramos um ex-colega do curso técnico. Mas é outra historia...

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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Precisamos Discutir Mais



Precisamos entender o que é uma discussão e o que é um debate. A diferença entre um e outro é simplória. Aprendi no meu curso Técnico em Administração e nunca mais esqueci, na aula de Comportamento Organizacional. Saudoso professor Carlos Kulzer. Basicamente, discussão é uma troca de ideias, conceitos, nada mais nem menos. O debate já é mais agressivo. É quando uma pessoa quer impor o ponto de vista dela sobre o teu. Praticamente torna-se uma guerra verbal, onde é possível acontecer muitas ofensas; amizades terminam; inimigos nascem. Por essas e outras que é preciso ter cuidado. Uma discussão saudável é maravilhosa para crescer, conhecer pensamentos alheios. Porém, senão prestar atenção, a discussão vira debate.
Podemos analisar a questão em si sobre outra perspectiva. Jornalistas discutem muito com políticos, por exemplo; fazem perguntas, citam exemplos. Os políticos respondem e, muitas vezes, acabam se enrolando, ficando bravos e chamando para um debate (impor seu ponto de vista). Nas eleições, independente de cargo, ouvimos falar de Debate Político, e o motivo é óbvio. Eles não querem discutir o melhor para o país, mas sim, mostrar que sua ideia é melhor e a do adversário é ruim. Ficou clara a diferença entre debate e discussão? Creio que sim.
A partir de agora, conforme o título, escreverei porque acredito que devemos discutir mais. Este senhor que vos escreve já discutiu/debateu com inúmeras pessoas. Amigos, amigos de amigos, pessoas cultas, pessoas sem noção, fanáticos, futebol, política, racismo, deficiência, machismo, feminismo... A lista é gigante. Como devemos nos comportar diante uma discussão ou, até mesmo, o início de um debate? Posso garantir que sempre é bom, que o crescimento intelectual acontece. Certa vez discuti com a Renata, uma amiga querida, casada com meu ex-colega de trabalho, o Edimar. Veja o que aprendi.  Perceba que não existe vitória nem derrota, apenas crescimento intelectual. Precisamos discutir mais.

Certa vez escrevi no meu Facebook sobre a série Casa de Papel. Na postagem, afirmava que não via nada de interessante, que era pura perda de tempo. Seria melhor ler um livro. Escrevi ciente que alguém viria para cima de mim, e eu estava disposto a debater. Só que não esperava que fosse surgir a Renata com uma discussão saudável que desmontaria meus argumentos. Ela deixou claro, de forma educada, que uma série é um entretenimento como futebol, novela e tantos outros que existem. Que as pessoas assistem para relaxar, descontrair; esquecer os problemas. Após essas considerações, entrei na discussão de cabeça e contrapus o ponto de vista dela. O que aconteceu? Ela argumentou mais forte, quebrando minhas defesas. Se teimasse e iniciasse um debate, certamente levaria uma surra intelectual. Concordei com ela e encerrei. Naquele momento fiquei curioso para assistir uma série, por causa dos argumentos da Renata. Aprendi muito com ela. Se ficasse no meu mundo, não respondesse ela, jamais aprenderia.
Mês passado fiz um comentário numa postagem de outra amiga. Ela postou algo sobre aborto, útero alheio e por aí vai. Comentei que existiam meios de prevenir uma gravidez antes de pensar em aborto, citei camisinha e anticoncepcional. Eu esperava discutir com a minha amiga, porém aconteceu o que eu não imaginava. As amigas delas vieram para cima. Nitidamente eram feministas. Partiram para o debate direto, sem conhecer meu ponto de vista. Já saíram me acusando de machista, que o corpo é da mulher e blábláblá! Meu posicionamento foi simples. Educadamente expliquei que não era machista, preconceituoso ou algo do tipo. Falei que era favor do aborto, desde que se criem critérios. A questão jamais pode ser encarada como abortar por abortar. Nesse caso seria contra. Cada vez que argumentava, elas me atacam mais e mais. Contudo, somente pontos sobre feminismo, sociedade machista e homem querer mandar. Percebi que minhas perguntas não eram respondidas. Encontrei o ponto nevrálgico e comecei a bater em cima, despejando muitas perguntas, carregadas de informações. Pronto. Acabou o debate. (Não olhei mais a postagem, ciente que não haveria argumentos e tudo seguiria em cima de feminismo vs machismo; algo que não me acrescenta em nada.)


Em uma discussão aprendi com a Renata. Durante um debate só perdi meu tempo e pouco ou nada aprendi. Eis algo importante para aprender: avaliar situações de forma diferente. Diante um assunto que tem uma opinião formada, pense: Vale à pena iniciar uma discussão? A pessoa é receptiva ou ignorante (no sentido de ignorar)? Posso aprender com ela? A amizade não será afetada? Pontos simples que exigem avaliação. Já fui excluído do Facebook somente por pensar diferente. Após avaliar e dar início a discussão, procure saber por que a pessoa pensa daquela forma. Se posicione, mas faça perguntas que te farão crescer e aprender. Tenha curiosidade. Respeite, seja educado. Jamais entre numa discussão pensando em vencer. Não existe vitória nem derrota, só aprendizado. Esteja pronto para aprender e ensinar. E o mais importante, entenda que é somente uma discussão; não queira perder amizades por alguém pensar diferente de ti. Se virar um debate, e sentir que teu adversário é agressivo e hostil, simplesmente saia e não insista. Certas pessoas não querem debater, querem ofender e destruir; isto é totalmente errado. De certa forma, infantil.
Ontem discuti com meu amigo de muitos e muitos anos; do tempo da Locadora do Márcio, onde jogávamos vídeogame. Tudo iniciou a partir do futebol, Copa do Mundo. De repente, estávamos falando sobre política, Lula, Temer, Administração, Propaganda, Marketing, significado da palavra Piegas, manipulação... Fugimos muito da discussão inicial. Meu amigo querido, educado, com uma visão e tanto. Cada argumento dele tentando sobressair sobre os meus, geravam textos gigantes. Achei divertido. Agradeci o crescimento, a troca de ideias e encerrei. Eu poderia insistir, que nossa amizade não mudaria em nada. Algo muito legal e raro de acontecer. Por isso é importante fazer uma avaliação de com quem vamos conversar sobre determinado assunto. Senão houver avaliação de forma correta, certamente amizades vão acabar, ofensas vão acontecer. Mágoas e mais mágoas.

É importante discutir. Conhecer o ponto de vista de outra pessoa. Imagina que legal as pessoas discutindo sobre política, o melhor para sociedade. As discussões acontecendo para evolução. Infelizmente não é assim. A maioria das pessoas ocultam seus pensamentos, não estão abertas para aprender e ensinar. Cada um por si. As pessoas pensam mais no benefício próprio do que no coletivo. São poucas, pouquíssimas pessoas com capacidade de aprender e ensinar. Defendo que devemos discutir mais, trocar ideias evolutivas, tudo com respeito, educação e serenidade. Para discutir não é preciso ser formado nisso ou aquilo, tampouco ser mega inteligente. No caso de um debate, sim, é preciso ter conhecimento sobre o que se fala.
Espero que este texto possa ajudar nas futuras discussões; que discuta mais e busque aprender, evoluir.



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