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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Futebol - Os Fanáticos




Dizem que futebol não se debate. Lenda! Claro que é possível debater sobre futebol, desde que seja uma pessoa educada, mente aberta, pronta para trocar informações. Cada vez é mais simples entender o mundo do Futebol. Antigamente, os jogadores davam sangue pelo time, pela torcida. Nos dias atuais é raro um jogador apaixonado pelo clube. O que manda é o dinheiro, e os empresários decidem o destino de um jogador. Outro aspecto marcante é a política. "Ah, Guerreiro Virtual, eu não gosto de política." Então, naturalmente, tu não entende de futebol. Política no futebol é de fácil entendimento. Não podemos ser hipócritas: vivemos num país onde a corrupção impera. No futebol, a lógica não muda. A maioria dos clubes que caem drasticamente de produção envolve política. O assunto futebol têm diversos temas interessantes. Neste texto quero mostrar a diferença entre quem entende de futebol e quem é fanático. Como sou gaúcho, apaixonado pelo Grêmio, vou escrever um pouco sobre meu time e, claro, o nosso eterno rival: Internacional. Antes de mais nada, quero afirmar que não vou zoar ninguém. Apenas dar exemplos. Existem gremistas fanáticos e colorados fanáticos. O que vou escrever serve para ambos...

Quem entende de futebol enxerga além das quatro linhas. Acompanha notícias sobre contratações e busca compreensão. Sabe que existem lideranças no vestiário que influenciam o time inteiro, de forma positiva ou negativa. Percebe quando algo está errado. Vou falar um pouco do Grêmio, que estava bem com o Roger, jogando um futebol bonito. De repente, do nada, começou a perder muitas partidas. Visivelmente, o Roger estava incomodado com alguma coisa; os jogadores se desentenderam. É um problema político interno, que poucas pessoas sabem o que, de fato, aconteceu. O Roger (sou fã dele), inexperiente, não conseguiu controlar a situação e acabou pedindo para ir embora (O blog de um jornalista afirma que ele foi mandado, mas a direção minimizou e disse que ele pediu). O engraçado é que, os mesmos jogadores, passaram a correr pelo Renato Gaúcho. Quem entende de futebol percebe que a filosofia de jogo do Grêmio segue a mesma: toque de bola, triangulações; mudanças mínimas que o Renato Gaúcho fez, mas que trouxeram grandes resultados. Neste caso, o mérito é dele. Reconheço. Quem entende de futebol pesquisa, conversa, troca informações com outras pessoas, analisa resultados. Jamais briga. Por outro lado, os fanáticos...

Fanatismo não é bom em nenhum caso. No futebol a situação é ainda pior. As pessoas perdem amizades, insultam... Perdem o respeito. Fanático só enxerga o resultado. Se algo sair errado é culpa dos jogadores, do presidente... Esquecem que abaixo do presidente existe um diretor, conselheiros. Decisões não são tomadas através de um único pensamento. Fanático só sabe esculachar os demais times; só o dele é bom. Fanático é limitado e sempre bate na mesma tecla: gazelas para um lado, morangos para outro; Mazembe, Bi-rebaixados; subiu no tapetão, caloteiro... O discurso não muda. "Time grande não cai." Este mantra foi criado pelo Internacional para zoar o Grêmio, que já caiu duas vezes, e nada impede de cair uma terceira, futuramente. E os fanáticos se convenceram que time grande não cai. Se o planejamento for errado, se as contratações forem pífias, qualquer time pode cair. No campeonato Brasileiro de 2016 o Internacional vem sentindo na pele o que faz uma série de equívocos e a falta de um planejamento. Só que os fanáticos não querem saber. Ameaçaram de morte o presidente. Em um jogo que o Internacional empatou quebraram tudo que viam pela frente. Esta é a paixão por um clube? Quebrar o próprio patrimônio? Se tu acha certo ameaçar de morte o presidente do teu clube, quebrar dependências do estádio, recomendo procurar um psicólogo, porque tu tens algum problema psicológico muito sério. Não é normal. Os fanáticos colorados estão apavorados porque o Internacional vai jogar a segunda divisão; os fanáticos gremistas estão felizes com a desgraça alheia; zombam muito, o que faz parte e é divertido dentro dos limites aceitáveis. Se o Internacional tivesse contratado o Mano Menezes, quando demitiu o Argel, talvez, quem sabe, não estaria nesta situação.

Para toda regra existe exceção. Conheço fanáticos que entendem de futebol. Mas é raro. Quero citar dois amigos que conheci em empresas que atuei. Um deles é o Julinho, que conheci no Grupo RBS. Pensa num gremista fanático, que conhece diversos tipos de estatísticas. Era muito engraçado ver ele argumentando. Ele conhece futebol, as políticas internas que acontecem e as contratações. Um fanático bem diferente da maioria. Um colorado querido que conheci, no Sistema FIERGS é o Sérgio. Uma vez estava debatendo com ele e argumentei: "Tu é muito fanático." Ele ratificou: "Sou, e muito." Mas o Sérgio não é um tipo de colorado cego que só enxerga resultados. Não. Conhece muito bem a historia do seu clube e, como o Julinho, entende a política interna e as contratações. São duas pessoas que fogem a regra do fanatismo, pois entendem e debatem. Claro, como fanáticos, algumas vezes são agressivos nos debates. Normal. É só saber conversar e acalmar os ânimos.

Futebol é sempre um assunto gostoso de conversar. Este senhor que vos escreve preserva amizades e não debate com fanáticos. Faça isso. Não estrague amizade para defender teu clube do coração. Afinal, os jogadores nem sabem que tu existe. E mesmo que soubessem, acha que se importam? Eles ganham rios de dinheiro, vivem do bom e do melhor. E tu aí, brigando e perdendo amizades. Tu não vai amar menos teu clube se aceitar uma verdade. Se conversar sobre falhas do teu time. Não tenta lutar contra o óbvio. Eu sou gremista, mas tenho grandes amigos e amigas que torcem para o Internacional. Nada afeta nossa amizade. Os colorados gostam de mim, porque não sou de zombar. Brinco bastante. Quando vejo que estão magoados, nervos a flor da pele, apenas respeito. A zoação faz parte. O importante é saber respeitar...

OBS: Entenda que os jogadores são amigos, independente do time que atuam. Rivalidade só dentro das 4 linhas. Toda zoação é uma brincadeira. Não leve a sério. Futebol é tua diversão, jamais tua vida...


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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Concurso Público



Em Abril de 2016 eu fiz uma prova que poderia ter mudado minha vida. Em janeiro acabou as parcelas do meu seguro-desemprego, no mês seguinte, fiquei atento ao edital de um Concurso Público. O nível era Ensino Médio, e o salário, mais de 3 mil reais. Poderia realizar muitos sonhos, liquidar dividas; um verdadeiro espetáculo. De quebra, já realizaria meu sonho de ser Analista. Eram 30 questões, sendo 5 de Matemática, 5 de Português e 20 de conhecimento específico: Legislação Trabalhista e Previdenciária; Informática; Gestão de Pessoas; NR 32; Ética e Bioética e Diretrizes do SUS. Passaram-se 7 meses e não comentei sobre o assunto. Poucas pessoas sabiam desta tentativa de melhorar de vida. Eu gostaria de escrever que passei, que sou funcionário público. Demorei certo tempo para absorver o golpe e encarar a realidade: não passei por pequenas falhas e um trauma pós acidente. A falha é toda minha; deveria ter estudado um pouco mais. Valeu a experiência. Quero escrever sobre minha preparação e os desafios que enfrentei.

Eu precisei conversar com meu pai, já que não poderia pagar minha inscrição. Meu pai fez mais do que pagar, dando dinheiro para comprar a apostila de estudos. E daí que meus problemas começaram. Tu já leu uma apostila de concurso público? Eles colocam duas páginas em uma só. Letras minusculas. Muitas vezes é preciso forçar a visão. Dor de cabeça? Faz parte do processo. Eu me considero muito bom em Português, mas não bastava. Precisaria de bem mais, do que apenas confiança e tratei de pedir ajuda para um amigo que é Mestre de Literatura Montada pela UFRGS. Ele não recusou meu pedido e me emprestou diversos DVDs para eu estudar e aprender sobre Regência Verbal e Nominal; uso da crase; Pronomes e Artigos... Enfim, muitas regras que cairiam na prova. Tudo ocorrendo conforme o planejado. Perfeito. Mas faltava um detalhe importante: comprovar minha deficiência. A princípio seria simples. Meu médico não negaria uma atualização de laudo. De fato, não negou. Mas aconteceu algo não calculado, que quase fez eu desistir do concurso. Após alguns anos sem ir ao hospital, descobri que minha Terapeuta Ocupacional não fazia mais parte do quadro de funcionários, o que acabou complicando um pouco meu acesso. E mesmo que ela ainda estivesse, passaria pelo sufoco de qualquer forma. Nesta parte eu também falhei, porque deveria ter adiantado o planejamento, lá em fevereiro, quando vislumbrei a vaga. Papai precisou colocar a mão no bolso, uma vez mais.

Meu médico atende quarta-feira, a partir das 14:00 horas, no Hospital Cristo Redentor. Às 13:00 horas eu já estava lá, aguardando. Eu não tinha consulta marcada, por julgar que seria um atendimento simples. Como de costume, quem não tem hora marcada é o último atendido. Justo. Lá pelas 15:30 deixaram eu entrar no consultório. Conversei um pouco, expliquei minha situação. Ele foi direto: "Tu precisa marcar uma consulta. Daí vou ter acesso ao sistema e ver o que aconteceu contigo. Sem isso, não posso atualizar teu laudo." Um choque de realidade. Bom, ele autorizou e tratei de ir marcar rapidamente com a recepcionista uma consulta. Tudo aconteceu no começo de março, e eu tinha até o dia 12 para entregar meu laudo na FAURGS; laudo atualizado com até 180 dias de expedição. A  recepcionista marcou e passou a data: 24 de março. Nossa... eu quase desmaiei. Expliquei a situação. Ela zombou: "Não posso fazer nada. É do teu interesse. Tinha que ter vindo antes. Vai perder." A raiva que eu senti, algo inimaginável. Mantive a postura. Agradeci e fui embora. No caminho, lágrimas rolavam. Uma dor no peito. Chegando em casa, conversei com a minha mãe, que me consolava. Foi então que meu pai entrou em cena novamente. Precisei marcar uma consulta particular com um Neurocirurgião, com a finalidade de atualizar meu laudo. Poxa... Duzentos reais para o médico só copiar meu laudo antigo, assinar e colocar uma data. De chorar. Quem manda demorar. Enfim, laudo entregue, agora, bastava estudar. Olha só o que eu fiz.

Português não seria meu problema no concurso. O inimigo era outro: Matemática. Meu amigo Mestre havia emprestado também DVDs que continham aulas de Matemática, mas decidi ir além. Pesquisando no Google, encontrei um canal mega interessante no You Tube: Matemática para Passar. Aulas com o professor Renato e o Marcão. Os professores são os melhores que já assisti. Eles pegam provas de concursos e fazem, ensinando muitos macetes. Fiquei vislumbrado. Apesar de estar forte no Português, busquei reforçar, uma vez mais, encontrando um canal no You Tube. Aprendi a diferença entre interpretação e compreensão textual. Primeiro olhe as respostas, depois, olhe o texto. Eu fiz o que pude. Sem curso preparatório, não tinha como focar neste ou naquele assunto. Acabei estudando de tudo um pouco. Perdi meu tempo. No dia da prova me arrependi.

Minha prova aconteceu no dia 17 de abril, no colégio Estadual Rubem Berta, na Vila Jardim. O horário da prova era às 09:00 da manhã. Então, planejei pegar o ônibus 06:55 da manhã. Eu saí de casa faltando 10 minutos. Para meu desespero, o ônibus resolveu sair antes. Sem segunda opção, caminhei até à faixa. Por sorte, em menos de 5 minutos passou um ônibus em direção à Protásio Alves. Subi no ônibus e desci na parada 48. Estando lá, demorou mais uns 10 minutos e passou um Alvorada Assis Brasil. Ótimo. Estava ciente que precisaria pegar mais um ônibus para chegar no colégio. Cheguei no colégio quase 1 hora antes da prova, e já se encontrava várias pessoas no local. Pessoas bonitas. Algumas acompanhadas. Procurei meu nome na lista. Após encontrar, eu só poderia esperar o horário. Eu levei uma garrafa amarela, destas esportivas, com chá gelado. Um dos participantes me informou que não podia, que a garrafa tinha que ser transparente. Até hoje não entendo esta regra. Comprei uma garrafa de água. Bem no fim, a banca não falou nada da minha garrafa amarela. Tomei o chá, depois água. Falando da prova: fácil. Olhei as questões de Português, quase dei risada. Só uma que eu não tinha certeza, porque se tratava de anexos. Olhei as questões de Matemática. Fácil... Mas fiquei nervoso e me enrolei. Cálculos simples, nada demais. Falhei. As outras questões de Conhecimento Específico me surpreenderam. Nada do que eu tinha estudado. Tinha até uma questão do Chiavenato, um dos teóricos do Administração. Nesta altura do campeonato eu já estava todo enrolado. Meu ego saiu intacto desta aventura; só errei uma questão em Português; acertei todas de Informática. Acabei pecando em Matemática e em outras questões de Conhecimento Específico; nem quis olhar o gabarito. O sonho sucumbiu.

Eu lutei para fazer o concurso e estudei conforme consegui. Quem faz curso preparatório têm mais chances, por saber o que estudar. Estudei Regra de Três Simples e Composta, Ética e Bioética, Diretrizes do SUS e outros tantos assuntos... nada caiu. Havia uns links para clicar e estudar no edital. Eu olhei rapidamente. Quando li a questão do Chiavenato... sabia que estava nos links. Mas nem tudo é lágrimas e lamentações. Eu evolui. Meu Português melhorou; aprendi a analisar uma prova; sei macetes de Matemática; conheço a estrutura de um Concurso Público. E tu, já fizeste algum concurso? Deveria fazer. É bom. O que tu vai perder? Certo que tu vai ganhar. Se passar, me convida para festa. Caso contrário, com certeza vai aprender alguma coisa, assim, como eu aprendi...


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